Como calcular a mesada das crianças?

Por Claudia Fehribach

mesada

Na semana passada, recebemos no Rotary Club de Boca Raton a visita de Aaron Standish, coordenador de educação financeira do Distrito Escolar do Condado de Palm Beach (de K ao 12th Grade). A palestra dele foi sobre como falar sobre dinheiro com nossos filhos. Uma das coisas que ele discutiu conosco foi a respeito da mesada das crianças. Desta forma, resolvi compartilhar aqui algumas ideias em relação a este quesito.

A mesada é um valioso instrumento de educação financeira para crianças. Mas, é apenas isso. Um instrumento. Se bem usado e bem calibrado, pode ser útil, resolver problemas, potencializar soluções e ajudar na educação financeira. Mas se for mal usada, pode também machucar, atrapalhar, ser improdutiva. Pode deixar cicatrizes, traumas.

E como isso funciona? Primeiro, a mesada difere de acordo com a idade de cada criança. Por idade se entende maturidade, nível de compreensão e de responsabilidade. O dinheiro tem poder libertador, de proporcionar independência às pessoas.

Crianças pequenas enfrentam dificuldade para compreender, planejar e esperar por intervalos que ultrapassem o seu horizonte temporal.

Normalmente, é mais fácil associar ao ciclo escolar. Assim, deve-se começar com semanadas, aumentar para quinzenadas e, por fim, à medida que as crianças crescem, pode-se chegar ao período mensal, sempre avaliando a maturidade da criança, o grau de compreensão dela em relação ao tempo e valores e ao uso que ela faz do dinheiro.

No caso de crianças pequenas, deve-se evitar planejamentos que visem prazos que ultrapassem as próximas férias ou o próximo aniversário, podendo estender-se por um ou dois anos para as mais crescidas ou mais maduras, sempre com assistência dos pais.

Existem teorias que sugerem calcular o valor da mesada a partir da idade das crianças, atribuindo R$ 1 para cada ano de vida, por semana. É um parâmetro que se mostra injusto e inadequado para muitas famílias, pois não considera outros fatores e nivela crianças pobres com as mais privilegiadas; as que vivem no interior e as que vivem em grandes centros; as conscientes e as deslumbradas, famílias com filhos únicos com as mais numerosas.

Outros especialistas recomendam um percentual do salário mínimo. Mas isso também seria inadequado, pois pode levar a criança a confundir mesada com salário. Além disso, crianças que demonstram ter uma relação sadia com o dinheiro, devem ter essa postura reconhecida. E estimulada.

É importante que a mesada reflita para as crianças a situação da família. Uma família que viva com dificuldades financeiras não deveria oferecer uma mesada polpuda aos filhos. Da mesma forma que famílias mais abastadas não devem impor restrições financeiras rigorosas aos filhos.

Ou seja: Você decide, baseado no orçamento da SUA família, o que funciona melhor para você.

Sendo a mesada um instrumento de educação financeira, os pais devem procurar informações e orientação sobre as melhores práticas nessa área. Dentre elas, com certeza, não está o uso da mesada como instrumento de coerção ou estímulo. Por favor, minha gente, castigar uma criança cortando a mesada da mesma é um super “NO-NO”, da mesma forma que aumentar a mesada do seu filho porque ele tirou nota boa não funciona!

A mesada é um instrumento genérico que funciona para ensinar às crianças como os adultos assalariados deveriam gerir seus recursos. Uma espécie de estágio, de treinamento. Por isso, é muito importante ensinar desde cedo que da mesada sai uma porcentagem para gastos, uma porcentagem para a poupança e uma porcentagem para doações (se você tem este hábito e gostaria de passar o mesmo a seus filhos). Desta forma, eles começam desde cedo a planejarem e, como voce sabem, planejamento financeiro é tudo!

Uma ótima semana!