Como conciliar a gramática e comunicação para ensinar idiomas a um estrangeiro?

Por AOTP

Fernanda Sevarolli Creston Faria*

No ensino de idiomas, nos deparamos com variadas questões que emergem do trabalho com línguas. Quando se é um educador de idiomas, a primeira preocupação deve estar centrada no fato de que vai se alfabetizar a pessoa que aprende um segundo ou terceiro idioma na língua alvo do estudo, portanto, o cuidado no trato das formas e usos deve ser primordial.

Neste caso, o uso do método comunicativo permite ao educando e educador a liberdade de trabalhar as quatro habilidades – ouvir, falar, ler e escrever – de modo a tornar o educando fluente na língua alvo.

Há que se pensar no trabalho desde sua essência e na realidade de um aprendiz de língua materna. O aprendiz de língua materna aprende o básico de sua língua ouvindo e assimilando, aprimora seu aprendizado com a escolarização e se torna um falante eficaz, fluente, pelo menos é o que se espera idealmente dizendo.

No caso da segunda língua (e/ou terceira), o falante já tem bagagem suficiente que o permitirá assimilar conteúdos de forma mais rápida e fluida, portanto o tempo de alfabetização em relação à língua materna é menor.

A gramática faz parte do arcabouço estrutural que corroborará diretamente para que o falante inicial se arme de conteúdo bastante para organizar sua fala, escrita e leitura. No caso do método comunicativo, busca-se que o aluno se comunique desde a primeira aula, aliando vocabulário, gramática e fala em busca da excelência comunicativa na língua alvo.

A fluência vem da confluência de estruturas gramaticais com vocabulário e destreza ao falar. O uso da fala aliado a estes potenciais torna o aprendizado mais eficiente e capaz de formar falantes expressivos em idiomas que não o seu.

Portanto, quando se pensar em dispensar um ou outro componente potencial de suas aulas ou materiais, é preciso pensar que:

Habilidade 1 – Ouvir: requer que o educando reconheça estruturas, regras gramaticais de simples a avançadas, saiba diferenciar vocabulários, estruturando sua fala em cima de sua escuta. O desenvolvimento desta habilidade leva a competência auditiva aguçada realizada de forma consciente.

Habilidade 2 – Falar: de posse de um arcabouço teórico e vocabular condizente com seu nível, o potencial oferecimento de condições para que o educando formule frases de simples a avançadas em seu meio, o faz vencer a inibição e galgar passos largos na construção de sua fluência, hoje tão necessária no domínio de idiomas. A habilidade aqui desenvolvida busca aprimorar a competência de fala em idiomas diferentes da língua materna, os quais são úteis quando se faz com fluência positiva.

Habilidades 3 e 4 – Ler e Escrever: No caso de ler e escrever, espera-se que o aluno tenha condições de assumir as habilidades anteriores para desempenhar com destreza sua competência leitora e escritora, sendo capaz de diferenciar padrões textuais e criar outros.

Portanto, ressaltamos que o ensino da gramática aliado a usos eficientes de fala, constrói no aluno a possibilidade de comunicação e articulação do idioma alvo mais próxima da fluência nativa, sendo esta competência alcançada com o tempo e disponibilidade do aluno no aprendizado consciente da gramática e do vocabulário.

*Graduada formada em Letras (UFJF), especialista em Práticas de Letramento e Alfabetização (UFSJ), especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD (UFF) e mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública (CAED/UFJF). Tutora EAD Pedagogia/UAB/UFJF); Coordenadora do Curso de Idiomas Veg – Juiz de Fora/MG; Professor de Projeto de Educação Integral do Sistema estadual de ensino de Minas Gerais.