Atenção homens sedentários, acima do peso, adoradores de uma boa cerveja e até mesmo os solteirões de meia idade. Chegou a hora de fazer uma avaliação física da parte mais flácida do seu corpo. Isso mesmo, a barriga.
Acreditando que os homens que possuem barriga sarada são viciados em academia ou, analisando as fotos de revistas e detectando apenas os traços do Photoshop, você preferiu desistir de ter um abdome sarado. Mas não precisa ser assim.
Pessoas com grande concentração de gordura na região abdominal, principalmente a gordura visceral, são mais propensas a desenvolver doenças do coração e dos vasos sanguíneos (incluindo os do cérebro, dos rins e até dos pulmões). E, é claro, depois da saúde, vem a preocupação estética!
Reduzir um pouco as suas medidas vai lhe fazer se sentir melhor, dar mais disposição para as atividades básicas do dia-a-dia e elevar sua auto-estima.
E então? Pronto para dizer sim à boa forma?
O primeiro passo é não se comparar a ninguém para não correr o risco de se sentir inferiorizado ou acabar com a sua auto-estima. Não se preocupe se o Joãozinho tem uma barriga tão perfeita que arranca os olhares de todo o público feminino.
Não se preocupe se ele já malha há cinco anos e que você só vai começar agora. Pode parecer besteira, mas todo mundo começa do início. Dado esse passo, temos outra barreira: a preguiça! Ela é a desculpa preferida de todo mundo.
O professor da Fórmula Academia, Rogério de Moura, elaborou uma série de medidas que você deve deixar de lado se realmente quiser conquistar a barriga dos sonhos: “os maus hábitos, como má alimentação, má postura, dormir pouco, consumir bebidas alcoólicas, estresse e vida sedentária podem influenciar de maneira negativa o resultado desse processo”, diz Rogério.
Mas também não adianta ter pressa. Segundo o especialista, o tempo para se conseguir resultados visíveis na região da barriga é muito relativo. “Isso depende de fatores como metabolismo e genética de cada um e a regularidade com que o indivíduo pratica exercícios físicos”, completa Rogério.
Apesar disso, deve-se fazer uma ressalva. Estudos comprovaram que, em se tratando de perder a barriguinha, uma série de exercícios aeróbios pode ser tiro e queda e bem mais eficiente do que só a musculação. “Isso porque os abdominais apenas fortalecem a região. Para queimar gordura mesmo é preciso aliar outros tipos de atividades físicas”, explica Rogério.
Então, quer saber quais são os exercícios mais indicados para perder peso e ao mesmo tempo fortalecer a barriguinha? “Aulas de bike, esteira, natação, caminhada, danças, lutas em geral e hidroginástica, desde que sejam realizados dentro da intensidade correta, ou seja, do limiar anaeróbio e da freqüência cardíaca”, conta o professor. Os esportes mais tradicionais como futebol, basquete, vôlei e tênis também podem ser grandes aliados nesse processo.
Já para aqueles que adoram uma corridinha, cuidado: o excesso de peso junto ao impacto da pisada no chão podem resultar em algo calamitoso para coluna, joelhos e articulações em geral.
“A eliminação da famosa ‘pochete’ pode estar associada diretamente com a postura”, afirma Rogério. Por isso, atenção redobrada a esses detalhes. Qualquer dúvida procure um médico endocrinologista ou nutricionista.
Também é mais interessante e recompensador que a pessoa faça exercícios durante mais tempo e com menos intensidade do que ao contrário, ou seja, aquelas pessoas que treinam superpesado durante pouquíssimos minutos. Portanto, ache a freqüência ideal para você e invista nela, sem carregar demais seu coração e seus músculos.
Para quem está querendo perder peso, o ideal é que a pessoa realize exercícios de, no mínimo, meia hora por pelo menos quatro vezes por semana. “Com isso, com um estilo de vida e com uma alimentação que o ajude (a ingestão calórica tem que ser mais baixa do que o gasto de energia, de modo que haja um prejuízo de calorias para seu corpo), já dará para perceber resultados visíveis em três meses, tanto para a estética quanto para a saúde”, conta Rogério.
Se você está demasiadamente preocupado se a sua alimentação está balanceada o suficiente para ajudá-lo a perder peso, algumas dicas: “Deve-se evitar ao máximo intervalos muito grandes entre as refeições. O ideal é que a pessoa procure um especia-lista em nutrição para elaborar um cardápio alimentar de acordo com as necessidades energéticas de cada pessoa, considerando o tipo de atividade física realizada por ele, o tempo dessa atividade, os horários e os hábitos alimentares”, sugere Rogério de Moura.
Abdômen sarado sem perder horas na malhação
O sonho de ter um abdome de tanquinho está mais próximo. Esqueça as velhas fórmulas de 1500 abdominais por dia e entre no novo paradigma dos exercícios físicos. O foco agora é na qualidade da execução dos exercícios abdominal, que é mais intenso e seguro para a coluna. O programa Power ABS, da Cia Athlética, reduz as séries para 30 a 50 repetições, mas com manobras que garantem melhores resultados que os exercícios tradicionais.
“Os abdominais são feitos a partir de duas manobras, a de aprofundamento, onde o umbigo vai em direção às costas (encolher a barriga), e a de tonificação, que faz o fechamento da caixa torácica e leva a ponta das costelas em direção à pelve”, diz a coordenadora do programa, Andréa Ervatti. A partir daí, são feitos todos os exercícios abdominais no colchonete, prancha e/ou bola.
O resultado disso é uma coluna protegida contra lesões sob um maior esforço físico, apesar da queda brusca de repetições. Quem quiser resultados ainda mais expressivos pode optar por fazer os abdominais sob bases instáveis, como a bola, que aciona a musculatura estabilizadora do corpo para manter o equilíbrio, trabalhando assim, de forma mais intensa.
Porque vale a pena
A barriguinha não é apenas um pro-blema estético. O excesso de gordura na região abdominal é considerado o mais nocivo pela proximidade com órgãos vitais, como pâncreas, rins, intestino e fígado. “O tecido adiposo pode liberar moléculas de gordura nos órgãos vitais, dificultando seu funcionamento. A reação em cadeia também compromete o funcionamento cardiovascular, além de poder deflagrar o diabetes e fragilizar as paredes das artérias, o que traz riscos de infartos e derrames, além de aumentar o mau colesterol”, diz o coordenador do Ambulatório de Síndrome Metabólica do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas.
Isso significa que não adianta muito controlar o peso ou o IMC (Índice de Massa Corpórea). O ideal é estar sempre com fita métrica na mão para garantir os limites tidos como ideais da cintura, 94 centímetros para homens e 80 centímetros para mulheres. Esse é o parâmetro que os médicos usam para avaliar os riscos da gordura visceral. Outra maneira de medir é fazer a relação entre a cintura e os quadris. Meça os dois e divida os centímetros da cintura pelo dos quadris. Os valores da conta não podem ser superiores a 0,9 para os homens e a 0,85 para as mulheres.
A classificação feita na década de 40 pelo médico francês Jean Vague, que dividiu corpos em formato pêra, quando a gordura está concentrada nos quadris, e o formato maçã, com gordura na região da barriga, foi o ponto de partida para as pesquisas médicas. Atualmente se sabe que a gordura subcutânea não compromete o funcionamento dos órgãos, ao contrário das gorduras viscerais, que são um sinal de alerta, mas que sozinhas, também não podem fornecer um diagnóstico.
Para evitar o problema, dieta saudável, exercícios físicos diários e um ponta-pé no estresse. “A vida moderna e sedentária prejudicam a saúde porque oferecem muitas facilidades e comidas com alto índice calórico. O estresse também deve ser evitado com yôga, meditação e atividades que tragam relaxamento”, diz o especialista. A lipoaspiração consegue diminuir a circunferência da cintura, mas não tem o poder de retirar as células adiposas que ficam coladas aos órgãos, o que não resolve o problema.
Ainda em estudo e em fase de aprovação pelos órgãos de saúde, o mercado farmacêutico deve apresentar em breve um medicamento que tem o poder de combater a gordura abdominal, o Rimonabant, da Sanofi-Aventis. O remédio teria capacidade de agir contra o tabagismo e a síndrome metabólica.
Ele inibe os centros cerebrais de fome e de prazer proporcionado pela comida, aumenta a produção de adiponectina, um hormônio que estimula a queima de gordura e melhora a ação da insulina, além de inibir a produção de enzimas responsáveis pelo acúmulo de gordura nas células adiposas. Nos músculos, consegue aumentar a absorção de glicose. Ele ainda bloqueia a produção de triglicérides e aumenta os sinais de saciedade.

