Como lidar com a perda do pai ou da mãe

Por Samantha Di Khali

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Há poucos dias, uma amiga muito querida perdeu seu pai, um momento bem delicado. Somos amigas há pelo menos 12 anos,  senão mais.

Pensando nisso, resolvi dividir com vocês alguns caminhos que podem ajudar a superar essa perda.

Poucas coisas têm tanto impacto na vida como perder o pai ou a mãe. Você talvez tenha de lutar com emoções que nunca sentiu. Cada pessoa reage de forma diferente diante da morte.

Lidar com essa perda pode ser a experiência mais dolorosa na vida da maioria das pessoas. É praticamente impossível superar completamente a perda, mas há maneiras de continuar honrando a memória dos seus entes queridos e, ao mesmo tempo, voltar a dar rumo à própria vida. Nessa fase tão delicada, é essencial ter paciência consigo mesmo, evitando a todo custo fazer-se cobranças do tipo: "Estou demorando demais para lidar com o luto e voltar a ter uma vida ‘normal’ novamente".

Você, assim como todo ser humano, precisa de tempo para processar a perda. Na verdade, não há um período de tempo determinado para a duração do luto. Isso depende de cada um. Vou mostrar alguns caminhos para ajudar a administrar essa situação tão complicada. Sei que é difícil dizer algo nesse momento, mas é obrigação de cada um de nós tentarmos ajudar.

 

Dê tempo ao tempo. Não adianta sentir-se na obrigação de recuperar-se o mais cedo possível. Em geral, é loucura esperar que você tenha condições de voltar à correria do dia a dia em algumas semanas ou meses. Deixe o tempo fazer o trabalho respeitando o seu ritmo. Livre-se das expectativas fora da realidade que você tem para si.

Procure encarar o luto como um processo, um ciclo. Ele pode durar bastante tempo, mas nem sempre a dor será tão intensa. Alguns dias serão melhores do que outros. Continue respeitando o seu ritmo.

 

Aceite o fato de que, se o seu pai ou sua mãe ainda pudesse falar com você hoje, ele ou ela lhe diria para continuar levando a sua vida da melhor forma possível. Embora seja normal ficar deprimido, lembre-se de que ele ou ela te ama. Logo, essa pessoa querida jamais desejaria ver que essa perda prejudicou sua vida de forma permanente e definitiva. Vale a pena fazer um esforço para tentar voltar a fazer algumas das coisas de que você mais gostava, ao mesmo tempo em que lida com a dor. Não se esqueça de que uma das maiores alegrias para um pai ou uma mãe é ver a felicidade dos filhos. Isso não quer dizer que você deva varrer todos os sentimentos negativos para debaixo do tapete, mas é preciso voltar a enxergar as coisas boas da vida, por menores que sejam.

Cultive as boas lembranças. Ele ou ela sempre será uma parte importante na sua vida. Reviva as memórias boas e procure ver que essa pessoa tão especial tem um lugar cativo nos seus sentimentos. Outra forma de manter viva a memória dos seus entes queridos é fazendo perguntas a parentes a fim de entender melhor as experiências de vida dele ou dela. Esse conhecimento pode enriquecer ainda mais o relacionamento que você tinha com seu pai ou sua mãe.

Não se esqueça de se cuidar. Pegue leve e tenha mais paciência do que o normal consigo mesmo(a). Reserve mais tempo para descansar e fazer atividades relaxantes e construtivas. O mais importante é dar um tempo na autocrítica por enquanto. É fácil deixar de pensar na própria saúde e bem-estar quando a dor é intensa demais. Apesar disso, faça o possível para dormir pelo menos 7 horas por noite e fazer três refeições saudáveis e exercitar-se moderadamente por meia hora todos os dias. É claro que dormir e comer bem não ajudam a esquecer a perda, mas fica mais fácil administrar as tarefas do dia a dia se você está mais disposto.

Aprenda a identificar as situações que trazem mais carga emocional. É importante estar ciente de quando você vai sentir-se mais vulnerável e frágil. Uma vez que você souber o que provoca reações mais fortes, procure obter apoio nesses momentos. Por exemplo, se você perdeu seu pai, procure reunir-se com seus familiares mais queridos no Dia dos Pais. Faça o mesmo caso tenha perdido sua mãe, no Dia das Mães.

 

O processo de luto é diferente para cada indivíduo. Costuma-se categorizar essa fase em cinco estágios: negação (“Isso não está acontecendo!”), raiva (“Por que justo comigo?”), choro (“Se tivéssemos pegado mais no pé para ele/ela levar a dieta a sério”, “Se ele/ela tivesse largado o cigarro”, “Se o acidente não tivesse acontecido...”, etc), depressão e, finalmente, aceitação. Mas isso não significa que você tenha que passar por todas essas etapas e nem seguir a ordem em que elas aparecem aqui. Todo mundo sofre e enfrenta essa fase do seu próprio jeito e no seu próprio ritmo.

Evite tomar decisões importantes durante o luto. A morte de alguém tão importante pode fazer você perceber que seu casamento é uma mentira, que a sua carreira não tem sentido ou que chegou a hora de jogar tudo para o alto. Essas conclusões podem até ser verdadeiras, mas evite agir por impulso até sentir-se pronto(a) para pensar mais racionalmente. Ao contrário do que muita gente pensa, grandes mudanças em sua vida provavelmente não ajudarão você a superar a perda mais rápido. Além disso, o risco de acabar fazendo algo do qual você se arrependa mais tarde é grande.