Por Atilano Muradas
Quem veio para a América sonhando fugir da violência anda meio desiludido nos últimos tempos – e até pensando em voltar para o Brasil.
Quase todos já sabem de algum amigo que foi vítima de violência, roubo ou crime – ou mesmo, foi a própria vítima. Na edição 540 do Gazeta, página 14, foi publicada uma reportagem intitulada “Violência assusta moradores da Flórida” na qual foi mostrado um quadro que evidencia o significativo aumento da violência em Broward. A primeira causa que vem à mente é: a crise financeira. Crise, quase sempre, é sinal de aumento desse tipo de problema. “Aumento” e não “aparecimento”, pois violência e criminalidade sempre existiram.
Nos tempos hodiernos, então, o campo tem se alargado, sobretudo, com o advento da Internet. Além de aprender a lidar com os criminosos reais, as pessoas têm que aprender a se livrar dos larápios virtuais. Cada pessoa tem suas técnicas de se defender, mas é sempre bom escutar as histórias e os conselhos dos outros a fim de aumentar suas técnicas de defesa.
O militar Cláudio Vargas conta que seu pai, um taxista do interior do Rio Grande do Sul, foi assassinado por se recusar a transportar drogas para traficantes. “Talvez, se ele não trabalhasse de madrugada, o risco seria reduzido”, conjectura Cláudio. Em Manaus, Cláudio também foi vítima quando teve o seu carro arrombado. Ele aprendeu, e ensina, outra lição: “Dei-xei o carro num local escuro próximo a uma parada de ônibus. Se o carro tivesse alarme o ladrão teria fugido, pois muitas pessoas estariam observando-o”, explica.
Charles Hindley, morador da Flórida, dá algumas dicas interessantes que podem livrar alguém de um assalto de carro ou de casa. “ Antes de entrar no carro ou na casa sempre dê uma olhada nos arredores. Se suspeitar de algo, dê outra volta para olhar. Nunca deixe a porta encostada quando for levar o lixo para fora de casa. Tranque-a”.
O bancário Ricardo Hermes também tem suas maneiras de guardar a casa. “Colocamos aquela correntinha que prende a porta ao portal, na porta da sala. Parece simples, mas o ladrão perde um pouco mais de tempo; e pode até desistir de assaltar. Ter um cachorro em casa também é bom, pois dá a sensação de que sempre tem alguém em casa.”
As mulheres, principalmente, devem tomar precauções extras para não serem surpreendidas nas ruas e estacionamentos. Marina Hansen, moradora da Flórida, conta que foi abordada por dois homens enquanto andava pela rua. Um agarrou-lhe o braço e outro, o pescoço. Com a mão que lhe restou ela jogou a carteira para longe. “Os bandidos imediatamente me soltaram, pegaram a carteira e fugiram. Ainda bem que sou prevenida e estava com o dinheiro guardado na roupa”, conta.
Ricardo tem algumas dicas para as mulheres que serve bem para todos. “No trânsito, no semáforo, pare próximo à porta de outro carro. Não ande de vidro aberto. Em estacionamentos, sempre estacione de maneira que consiga sair rapidamente com o carro. À noite, nunca pare no semáforo. Observe o semáforo de longe e vá desacelerando de forma que, quando chegar nele já estará verde.”
Débora Pompeu conta de uma nova e criativa modalidade de assaltos. “Imagine que você vai para o seu carro que deixou estacionado, abre a porta, entra, tranca as portas para ficar em segurança e liga o motor. Você não faz sempre assim? Entretanto, olhando pelo espelho interno, você vê uma folha de papel no vidro traseiro, que bloqueia a sua visão. Então, naturalmente, chateado com quem colocou o maldito anúncio no seu vidro traseiro, você põe o carro em ponto morto, puxa o freio de mão, abre a porta e sai do carro para tirar o papel, ou o que seja que esteja bloqueando a sua visão. Quando chega na parte de trás, aparece o ladrão e rende você, entra e leva o seu automóvel com a sua carteira, documentos e o que mais houver lá”. O conse-lho, então, é, se houver alguma coisa bloqueando a sua visão, não desça do carro. Arranque o seu veículo usando os espelhos retrovisores externos, e espere o momento certo para parar e desbloquear a visão.
Ehud Garcia, que mora em Lewiston, Idaho, mas já morou em Los Angeles, dá, também, interessantes dicas que, parecem óbvias, mas dependem de disciplina. “Moramos em uma cidade bem pacata, sem muito perigo de assaltos ou roubos. Porém, devido ao crescente uso de drogas na região, esse quadro tem mudado. Quando morava em Los Angeles, no entanto, a minha esposa e eu sempre tomamos as devidas precauções quanto à nossa segurança: trancávamos todas as portas de nossa casa, ao sairmos, trancávamos os nossos carros. Nunca deixamos coisas dentro dos carros que possam chamar a atenção. Quando estou em lugar populoso sempre evito andar sozinho.”
O professor universitário, Marcos Quireza, acredita que o grande problema relacionado aos crimes, em geral, está no desconhecimento, por parte da população, da estrutura do sistema de informação da polícia ou de segurança em geral. “Por estarem mergulhadas nos seus afazeres, as pessoas só atentam para o problema de segurança quando acontece algum crime com eles ou com alguém perto. A proposta seria uma maior divulgação da logística de segurança como forma preventiva de crimes. E a população tem que participar desse sistema. Somente, desta forma, é que se iria prevenir futuros problemas de crimes”, filosofa Marcos.
Enquanto essa idéia ainda não é posta em prática pelos políticos, cada um deve fazer a sua parte, aprender aqui e ali como se precaver de crimes e assaltos, e “ficar esperto”, porque muitos bandidos estão à solta.

