2008 vem sendo um ano, a julgar pelo que tem acontecido na comunidade brasileira nestes três primeiros meses, incrivelmente surpreendente.
Deixamos 2007 com uma sensação nada agradável no ar.
Alguns “batendo cabeça” sem saber como lidar com as mudanças impostas por uma realidade econômica cada vez mais dinâmica, surpreendente imprevisível.
Outros mergulhados naquele momento de “pessimismo profissional”, fatalista e geralmente sem pé nem cabeça, que “dizem” faz parte do DNA de alguns brasileiros.
O que está se vendo na nossa comunidade, e não apenas na Flórida, mas em outros núcleos importantes como Newark, Danbury e Boston, é uma verdadeira mobilização que dá sinais de maturidade.Maturidade que muitos insistiam em não reconhecer na nossa comunidade brasileira nos Estados Unidos.
Aqui na Flórida vários fatos reforçam esta minha tese.
O desembarque do novo Embaixador Araújo Castro está sendo marcado pelo otimismo, pela energética demonstração de compromisso com a comunidade brasileira e por um “abraçamento” do muito que já foi conquistado, visando ampliar ainda mais a parceria que já existe entre a comunidade e seu mais importante organismo representativo, que é o Consulado-Geral.
A atitude de novos integrantes-chave do Consulado, como o encarregado do Setor Cultutral, Paulo Amado, é das mais encorajadoras. Esses novos representantes do governo brasileiro no Sul da Flórida trazem de forma eloqüente a mensagem que já vinha sendo implementada, do inequívoco compromisso com a comunidade, seu progresso e sua coesão.
Em eventos empresariais e culturais, há uma intensa vibração no sentido de encarar a chamada “crise” de frente, com a inteligência de quem sabe entender os ciclos históricos – só se assusta com furacão quem nunca passou por um – e com o entusiasmo de quem se descobre cercado de parceiros num momento de re-engenharia da própria comunidade.
E essa reengenharia é a melhor coisa que nos poderia acontecer.
Falo em nome dos milhões de brasileiros que, sem em nenhum momento deixarem de amar intensamente o Brasil e se reconheceram absolutamente como brasileiros até a raiz do cabelo, fazem da opção América a mais definitiva possível em suas vidas e de suas famílias.
Os dados estão aí para quem tiver interes-
se em constatar. O tão falado “êxodo” de imigrantes brasileiros não só já desacelerou drasticamente, como, se analisado pelo perfil de quem “voltou”, não representaria sequer 3% da comunidade. Um movimento absolutamente natural para uma comunidade que, ao longo de seus 20 anos de existência na fase atual, esteve sempre marcada por períodos de “vai e vem” atípicos.
Empresários, lideranças comunitárias e culturais e governantes já sabem que a realidade da comunidade brasileira nos Estados Unidos já não pode mais ser medida pela parcela de imigrantes sazonais. Que sempre irão existir, têm sua importância, mas que não podem ser tomados como “o parâmetro” da verdadeira comunidade que aqui reside e que, em sua esmagadora maioria, seguirá existindo. E não pára de crescer, todos os dias, por razões as mais diversas.
Os reflexos dessa importante “energização positiva” que toma conta das lideranças brasileiras em várias partes dos Estados Unidos, já estão sendo notados, com uma retomada de investimentos, fortalecimento de nossas iniciativas e importantes eventos, valorização de nossos meios de comunicação e muito maior interatividade entre os diferentes setores da própria comunidade brasileira.
Maturidade é isso. Encarar os desafios com um claro sentido de propósito e atitude de coesão. Estamos amadurecendo e isso é uma bela e importante constatação.

