Condoleeza chega ao Brasil na terça. Na agenda, a Alca, que Lula diz ter tirado da pauta

Por Gazeta Admininstrator

Condoleeza chega ao Brasil na terça. Na agenda, a Alca, que Lula diz ter tirado da pauta

A poderosa secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, chegará ao Brasil na próxima terça-feira, para uma visita oficial de dois dias. Segundo informações do Itamaraty, a secretária - principal conselheira do presidente George W. Bush - virá tratar de várias questões ligadas à área de segurança e conversará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Esta será a primeira visita oficial de Condoleezza à América Latina, num roteiro que também inclui Colômbia, Chile e El Salvador. Rice assumiu o cargo em janeiro deste ano substituindo Colin Powell.

Além da Alca, outras questões deverão ser discutidas na visita da secretária de Bush, como as iniciativas de combate ao terrorismo internacional, as relações do Brasil com a Venezuela de Hugo Chávez, e a recente crise política no Equador, cujo presidente deposto, Lucio Gutiérrez, recebeu asilo do governo brasileiro.

Condoleezza também deverá tratar dos preparativos para uma possível viagem do presidente Bush ao Brasil ainda este ano. Esta será a terceira visita ao Brasil, em menos de seis meses, de um integrante do alto escalão do governo americano: Colin Powell (substituído por Condolleezza na secretaria de Estado) e Donald Rumsfeld (secrtário de Defesa) estiveram no país recentemente.

ALCA - Em relação à Área de Livre Comércio das Américas, a missão da secretária de Bush não será fácil. As discussões não têm avançado e, na última quarta-feira, em discurso na abertura da Organização Regional Interamericana de Trabalhadores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a dizer que "retirou da pauta de discussões a criação da Alca".

- Tiramos a Alca de pauta. E de que jeito? Fortalecendo o Mercosul e criando a Comunidade Sul-americana de Nações. O objetivo é não ficar dependente dos Estados Unidos ou da União Européia, mas fazer isso sem precisar brigar porque eles são parceiros individuais importantes para o Brasil - disse Lula na ocasião.

No dia seguinte, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, tentou amenizar as declarações do presidente, afirmando que Lula quis dizer que "tirou a Alca da pauta dos jornalistas". Segundo Amorim, o Brasil continua interessado em discutir a criação do bloco hemisférico.

Exportadores brasileiros, especialmente os ligados à Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), têm criticado a política brasileira de comércio exterior em relação ao Estados Unidos. Segundo eles, é um erro o país abrir mão de negociar a Alca com seu principal parceiro comercial. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", publicada neste domingo, o presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp, Rubens Barbosa, diz que não faz sentido não ter uma política comercial focada nos Estados Unidos. Segundo ele, o governo brasileiro "perde energia com outros países, em vez de concentrar esforços em mercados realmente importantes".

José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, diz que "deveríamos voltar as baterias para os EUA, nossos maiores compradores de produtos manufaturados".

A posição do governo brasileiro, no entanto, é de só aprofundar as discussões sobre a Alca se os Estados Unidos aceitarem colocar na mesa, inclusive na Organização Mundial do Comércio (OMC), a redução dos subsídios agrícolas americanos, que prejudicam as exportações brasileiras.

Além do encontro que terá com Lula em Brasília, Condoleezza Rice terá no mesmo dia uma reunião com o ministro Celso Amorim. Na quarta-feira, ela fará uma conferência sobre a política externa americana.