Controvérsia em torno dos recém-chegados

Por Gazeta Admininstrator

Existem muitas formas de atestar o crescimento vertiginoso da comunidade brasileira em várias partes dos Estados Unidos: a explosão do número de negócios, a visibilidade intensa dos brasileiros em regiões como o Sul da Flórida, Great Boston, Atlanta, Newark ou Los Angeles. A multiplicação de veículos de comunicação orientados especificamente para a nossa comunidade, a realização de centenas de eventos em todo o país.

Todos esses são indicadores positivos.
Infelizmente, nem só de indicadores positivos vive a nossa comunidade em território norte-americano e recentemente, um dos aspectos relacionados com os brasileiros que mais tem atraído a atenção está estampado nas páginas policiais.

Desde 2001 (incrivelmente depois que as autoridades norte-americanas resolveram “endurecer” a política de concessão de vistos e restringir radicalmente a entrada de ilegais no país), uma nova “onda” de imigrantes ilegais, e boa parte deles, brasileiros, entra nos Estados Unidos. Esses imigrantes, em sua grande maioria pessoas que pela primeira vez entraram num avião justamente em sua viagem em busca do “sonho americano” (a maioria sem ter a menor idéia do que estariam enfrentando), desembarcam aqui numa espécie de “transe hipnótico”.

O choque cultural é avassalador. Idioma desconhecido, referências geográficas e afetivas inexistentes, hábitos sociais e estrutura de funcionamento da sociedade, radicalmente diferentes do Brasil (sem falar que boa parte desses recém-chegados não vem das grandes capitais brasileiras e sim de pequenas cidades do interior), enfim, o contraste é violento, intimidador e, naturalmente gera rebeldia, anarquia e violência.

Tornou-se comum a presença de brasileiros recém-chegados que desobedecem as leis norte-americanas, em sua grande maioria por puro desconhecimento de causa e por estarem acostumados a uma sociedade onde a Lei é uma falácia. Um luxo reservado aos endinheirados e políticos poderosos.

Os reflexos tem sido dos mais complicados. Comunidades que já aceitavam a presença brasileira e até já celebravam com gosto uma política de convivência construtiva com os brasileiros, estão dando significativos passos para trás. O que vinha sendo conquistado com sangue, suor e lágrimas pela comunidade já residente há bastante tempo, fica comprometido pela ação de alguns recém-chegados que não estão nem aí para nada, a não ser tentando “fazer a América à sua maneira”, tentando viver aqui nos Estados Unidos o império sem lei, sem regras e sem limites, que infelizmente se vive no Brasil há várias décadas.

Sei que algumas pessoas não vão gostar desse editorial e dessas idéias que estou expondo aqui. Paciência. A verdade tem que ser dita e este tema é resultado de dezenas de e-mails que eu e a redação do Gazeta temos recebido nas últimas semanas.

Existem milhares de brasileiros maravilhosos, trabalhadores, sérios e que respeitam as oportunidades que nos são oferecidas pelo povo dos Estados Unidos e pela nação norte-americana. Mas existe um outro grupo, não muito numeroso, mas terrivelmente nocivo, que é adepto da balbúrdia, da insolência e do desrespeito às regras.

Muitos agem por estarem fragilizados num ambiente que lhes é hostil. Mas há realmente os que agem por puro vandalismo social e moral.
Não estamos advogando que se saia por aí discriminando brasileiros. Isso, além de odiável, não resultaria em nada de positivo.
O que se pode fazer é, na medida do possível, conversar, esclarecer, orientar.

A todos nós interessa o crescimento da comunidade brasileira nos Estados Unidos. A comunidade que já está estabelecida, se deseja crescer, tem que apostar não só na diversidade de sua atuação, incluindo hispânicos e norte-americanos em seu mix social e empresarial, mas principalmente, estimular o crescimento e as atividades da própria comunidade brasileira.

Para esse crescimento existir, os recém-chegados são peças fundamentais. Até porque, ao chegarem aqui totalmente desconectados com a realidade norte-americana, se tornam consumidores “radicais” de produtos e serviços proporcionados por brasileiros e em Português.
O que devemos fazer, creio eu, é agir em defesa do nome e do espaço já duramente conquistado por nossa comunidade em várias regiões dos Estados Unidos: não deixar que algumas maçãs podres comprometam o bom nome de toda a comunidade brasileira.

Estender aos recém-chegados que são trabalhadores e desejam apenas seu quinhão de sucesso e recompensa, nosso apoio e atenção.
Quanto aos que desembarcaram aqui sem eira nem beira e não entendem que os Estados Unidos são um país de Leis e Trabalho, que possam rapidamente desistir de suas aventuras e retornem para onde se sintam em seu próprio ninho.

Se bem que, temos que admitir, esses vândalos de bobos não têm nada. Eles adoram “avacalhar” com o sistema vigente e se sentem felizes em emporcalhar o nome e o país que os recebeu e os emprega sem que eles tenham sido convidados a entrar aqui. Mas na hora de responder porque não voltam para o Brasil já que aqui é tão ruim assim, eles, com a cara mais cínica do mundo, respondem: “Eu ? voltar pro Brasil? Cê tá é louco. A grana tá é aqui!”