Coragem e Covardia

Por Adriana Tanese Nogueira

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Coragem é um ímpeto, uma força que faz avançar, colocando na sombra as dúvidas. é enfrentar o que se sabe ser inevitável. A coragem é uma das maiores virtudes humanas. Ser corajoso não equivale a não ter medo, mas a saber superar o medo. Corajoso é quem não se deixa deter pelo medo. A coragem é um ímpeto, uma força que faz avançar, colocando na sombra as dúvidas. É também a certeza da necessidade de um gesto, um ato ou uma palavra independentemente ou apesar de suas consequências. Coragem é enfrentar o que se sabe ser inevitável. Muitas vezes, é preciso coragem até para fazer o bem, assim como é preciso de coragem para pôr em prática ideias, projetos, desejos e sonhos. De que adianta pensar corretamente se o pensamento fica preso no crânio porque falta a coragem para torná-lo realidade? E, igualmente, de que vale um sentimento maravilhoso que permanece enterrado no coração por falta de peito para encará-lo e vivencia-lo? De nada, absolutamente nada. É pela coragem que tomamos atitudes, rompemos o que precisa ser quebrado, e dizemos sim ou não sem mais demoras. Muitas vidas são passadas atravancadas em terrenos psicológicos lamacentos e pegajosos por causa da falta de coragem para fazer o que se sabe precisa ser feito. Ter coragem não exclui passar sufoco, ficar angustiados, ter dúvidas e penar. Para ter coragem é preciso ter a dignidade de sacudir a poeira do comodismo e tomar uma atitude. Todo movimento que chacoalha o que está parado vai trazer “problemas”. A coragem sempre sacode, se não fosse assim não existiria a coragem. Assim, a coragem obriga a enfrentar os nossos pontos fracos, motivo pelo qual há quem opte por “manter as coisas como estão”... e continuar vivendo nas sombras da covardia. Assim como um sujeito imaginário gordo, preguiçoso, ruminando salgadinhos ou bebendo cerveja na frente de uma TV eternamente ligada, o covarde acumula energias inutilmente, ora via oral (comendo), ora pelo pensamento (masturbação mental. Ingurgita comida assim como alimenta suas fantasias sem usar o que introduziu em si mesmo, por isso só pode ampliar sua existência no sentido material e horizontal: engordando! Cansados e lentos sob o peso de tanto pensar e fantasiar, estes indivíduos sente uma particular atração para criticar quem ousa agir, ora expondo seus raciocínios “lógicos e sensatos”, ora semeando dúvidas insidiosas que atacam a autoestima alheia. A verdade é que o covarde foge da vida e de si mesmo. Aparta-se da responsabilidade que seu sentimento, valores e desejos lhe imporiam. Enquanto o covarde tem baixa autoestima, o corajoso não pensa demasiadamente em si. Ele enxerga além. Se parasse para considerar todos os pequenos interesses de seu próprio ego, o corajoso perderia o impulso do moto progressivo e naufragaria rapidamente. Ter coragem implica, de alguma forma, esquecer-se de si mesmos. Por isso, se diferencia do exibido que comete atos ousados para se mostrar. O corajoso não é nem tolo nem egocêntrico. A coragem está na base da dignidade humana, da consistência moral de uma pessoa e de sua coerência consigo própria. Graças à coragem, os valores e a ação são aglutinados num todo que está à serviço da personalidade individual. Para ser si mesma, uma pessoa tem que ter coragem. Num mundo massificado, mergulhado em estereótipos e preconceitos, emergir da maré requer simples e nobre coragem. Da mesma forma, num horizonte psicológico lotado de falsos julgamentos, dúvidas, inseguranças e visão borrada, é pela coragem de seguir as intuições que nascem das profundezas de si mesmos que uma pessoa demonstra quem ela realmente é.