Cordão umbilical enrolado - Viver Bem

Por Adriana Tanese Nogueira

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“Minha filha está no oitavo mês de gravidez. Fez uma ultrassonografia e resultou que o bebê está com o cordão enrolado no pescoço. Nesse caso, o parto normal pode ser feito?”

Esta pergunta é muito comum. “Cordão enrolado” é uma das justificativas usadas com mais frequência para agendar uma cesárea.

Dentro do útero, o feto se movimenta e é normal que se “enrole” no próprio cordão, que é macio como um espaguete mole, sem possibilidade alguma de “sufocar” o bebê e, por isso, não deixa de oxigená-lo e alimentá-lo apropriadamente.

Até o final da gestação, o bebê pode dar várias voltas dentro do útero, mudando de posição, e seu cordão também mudará de posição. Entretanto, já no oitavo mês assistimos aos preparativos que encaminham psicologicamente para a cesárea.

É como dizer: “Meu filho espirrou, será que isso vai levar a uma pneumonia?”.

O médico responde: “Minha senhora, melhor não arriscar. Já vamos internar e tratar com antibióticos”.

É assim que pensamos, baseadas na falta de informação, medo do desconhecido e instigamento intencional à desinformação por parte de muitos profissionias.

Retificando, mesmo com cordão enrolado é possível e viável o parto vaginal. No caso em que seja necessário, o obstetra pode, com uma manobra simples, desenrolar o cordão após a saída da cabeça do bebê.

Não há motivo para se enrolar antes da hora por medos infundados. Nunca é demais lembrar que é somente durante o trabalho de parto de gestações de baixo risco que se pode saber quando uma cesárea é realmente necessária.

Fora os casos de comprovado risco materno-infantil, cesáreas que se agendam com tanta antecedência refletem o pré-conceito cultural-obstétrico baseado mais na falta de habilidade e de competência dos médicos do que em perigos reais. Aos oito meses de gestação, agendar ou preparar-se para uma cesárea porque o cordão está enrolado no pescoço do bebê é um típico caso de enrolação calculada.

*Adriana Tanese Nogueira Psicanalista, filósofa, autora, educadora perinatal, fundadora da ONG Amigas do Parto www.adrianatanesenogueira.org