Coronavírus: até que ponto não se preocupar e como se prevenir?

Por Arlaine Castro

[caption id="attachment_195505" align="alignleft" width="371"] Países com casos registrados de coronavírus. Imagem: CDC.[/caption] O número de infecções pelo coronavírus chega a 88.257 em 66 diferentes nações, além de 2.996 mortes até este domingo, 1° de março, e não há tratamento efetivo para a doença até agora. No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que ainda não há necessidade de pânico por causa da epidemia. Mas até que ponto realmente não se preocupar com a doença que se espalha rapidamente pelo mundo? E o que cada pessoa deve fazer para se prevenir? O surto teve início em dezembro de 2019 e em 30 de janeiro a OMS declarou uma emergência de preocupação internacional. “Usar a palavra pandêmico sem cuidado não traz nenhum benefício tangível, mas ela implica um risco significativo em termos de amplificar sem necessidade um medo injustificável e um estigma, e paralisando sistemas. Isso pode sinalizar que não podemos mais conter o vírus, o que não é verdade", anunciou o órgão na semana passada. EUA confirmam 1° caso de morte e Brasil tem 2° caso confirmado de infecção por coronavírus A alta de novas infecções na Itália, no Irã e na Coreia do Sul é “muito preocupante”, mas o vírus ainda pode ser contido, e não está configurada uma pandemia, segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Novos casos no Bahrein, Iraque, Kuwait e Omã foram todos ligados ao Irã. E pessoas doentes na Argélia, Áustria, Croácia, Alemanha, Espanha e Suíça têm a enfermidade ligada ao surto na Itália. Mas, uma vez que o coronavírus passou a se disseminar mais através da Europa, torna-se mais difícil evitar sua propagação mundial. Os casos na Itália e França também aumentam e nos deixam indagados se há controle para o vírus. Na quarta-feira, 27, também foi confirmado o primeiro caso de uma pessoa infectada pelo vírus no Brasil. No sábado, 29, o segundo caso. Ao todo, no domingo, o país monitora de perto 252 casos suspeitos, segundo o Ministério da Saúde. Também no sábado, os Estados Unidos registraram a primeira morte no e monitoram 22 casos confirmados. Entretanto, mais do que informar os números, é preciso espalhar informação correta sobre como deve se fazer e a importância de se prevenir. Para isso, as principais atitudes recomendadas pela OMS e órgãos de saúde incluem:
  • Lavar as mãos com água e sabão por mais de 20 segundos;
  • Cobrir a boca e nariz ao tossir ou espirrar;
  • Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
  • Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal;
  • Limpar regularmente o ambiente e mantê-lo ventilado;
  • Usar antisséptico de mãos à base de álcool;
  • Deslocamentos não devem ser realizados enquanto a pessoa estiver doente;
  • Quem for viajar aos locais com circulação do vírus deve evitar contato com pessoas doentes, animais (vivos ou mortos), e a circulação em mercados de animais e seus produtos.
Apesar dos números avançando, não há motivo para alarde, segundo a OMS, uma vez que mesmo nos países com maior número de casos, a grande maioria deles não tem gravidade e as mortes somam menos do que o calculado para uma pandemia. Semelhante a uma gripe, o vírus ataca o sistema respiratório. Ele pertence à família dos coronavírus, um grupo que reúne desde agentes infecciosos que provocam sintomas de resfriado até outros com manifestações mais graves, como os causadores da Sars (sigla em inglês para Síndrome Respiratória Aguda Grave) e da Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio). Por isso, apenas as pessoas com idade avançada e saúde debilitada são as que correm mais risco. Idosos são os mais vulneráveis e o cuidado deve ser maior. Entre as vítimas, 55% possuíam algum problema crônico. Diabetes, doenças cardiovasculares, males digestivos ou respiratórios e câncer estavam entre eles. Além disso, a média de idade dos pacientes era de 55 anos — 37% estavam acima dos 60 anos. Quanto à origem do vírus, tudo leva a crer que o novo coronavírus tenha sido originalmente transmitido para o ser humano de um animal e ainda em esteja em processo de evolução e adaptação. “Embora a transmissão de uma pessoa para outra já tenha sido detectada, até agora não está clara a importância da transmissão interhumana”, diz a infectologista Lígia Pierrotti, do laboratório Delboni Auriemo, em matéria especial sobre o assunto na revista Saúde, da editora Abril. O fato é que coronavírus diferentes podem sofrer mutações e se recombinar, dando origem a agentes inéditos. Pulando entre espécies animais (os hospedeiros), eles eventualmente chegam aos seres humanos. “É um processo que tem semelhanças com o que acontece na gripe. Na gripe suína, um porco pegou o vírus de aves e, na recombinação de vírus diferentes dentro do animal, surgiu um H1N1 que conseguiu passar para os seres humanos“, explicou. A esperança de tratar o novo coronavírus pode estar no horizonte, já que o primeiro estudo americano de um medicamento para tratar a doença está em andamento e testes em humanos já estão sendo realizados. O Brasil também avança na descoberta da sequência genética do COVID-2019. É preciso preocupar sim. Mas mais importante que isso, é preciso prevenir.