CPI do Cachoeira encontrou ligações entre a Delta e escolas de samba cariocas
Reportagem publicada pela revista “Época”, na última semana, aponta que escolas de samba do Rio de Janeiro são usadas para desviar recursos públicos e lavar dinheiro da contravenção.
Segundo a publicação, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), dominada pelos chefes do jogo do bicho no Rio de Janeiro, e algumas de suas agremiações (as escolas de samba Beija-Flor, Mangueira e São Clemente) trocaram pelo menos 104 ligações com aparelhos de telefone da construtora Delta - acusada de corrupção, desvio de verbas públicas e de se associar ao bicheiro Carlinhos Cachoeira.
A constatação do envolvimento foi feita pela própria CPI do Cachoeira, ao quebrar sigilo telefônico da Delta. O Ministério Público local constatou também R$ 1,2 milhão em notas fiscais frias.
As ligações começaram a ser feitas no ano de 2006. A maior parte das conversas ocorreu entre 2011 e 2012. Elas foram feitas, em sua maioria, por meio de aparelhos de rádio e celulares da operadora Nextel. Ao todo, os telefonemas duraram 90 minutos. O último registro telefônico entre a Delta e a Liesa data de 4 de janeiro de 2012.
O relatório dos contatos telefônicos ajuda a explicar um episódio revelado em agosto: o estranho caso do cheque da Liesa para a Delta. De acordo com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a Delta recebeu um depósito de R$ 546 mil da Liesa há sete meses. O relatório do Coaf, também encaminhado à CPI, mostra que o depósito foi feito em espécie.
Segundo um relatório do senador paranaense Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado e integrante da CPI, a Delta mantinha mais de 370 contas bancárias. Uma de 2003, a conta delas, existente desde 2003, movimentou pelo menos R$ 7 bilhões.
O Ministério Público do Rio de Janeiro solicitará uma perícia sobre a organização do Carnaval, já que, a Liga recebe milhões do município, sem prestar contas.