CRBE, organismo em formação e os ataques de quem despreza os imigrantes

Por Gazeta Admininstrator

Existem muitos a favor da existência do Conselho de Representantes Brasileiros no Exterior. Esses, por razões diversas, entendem a absoluta necessidade de dar voz e expressão política aos 3 milhões de brasileiros que vivem fora do país.

Para isso em que, após quatro anos de muita
batalha interna e externa e graças ao apoio determinado do presidente Lula, o CRBE teve seus 16 primeiros conselheiros eleitos, empossados no começo de dezembro de 2010, para um mandato de 2 anos.

Os conselheiros do CRBE não recebem nenhum tipo de salário. São voluntários eleitos por milhares de votos dos imigrantes brasileiros. Ao mesmo tempo, são brasileiros que nenhuma ou quase nenhuma experiência no campo político, diplomático ou representativo, tendo, portanto que “aprender no serviço” esta ainda difusa e mal compreendida missão de representar os brasileiros que vivem no exterior.

Existem alguns que são contra a existência do CRBE. As razões alegadas para tal “antipatia” vão desde o desprezo puro e simples pelos brasileiros que vivem fora do país, a críticas mais relevantes dos que enxergam outras formas e caminhos para que os imigrantes brasileiros se façam ouvir em Brasília.

Trata-se, portanto, de uma “queda de braço” política entre os que advogam o inexorável direito dos brasileiros (vivam em que parte do mundo vivam) a se fazer representar politicamente e ter seus direitos e reivindicações legitimados, e os que, sabe-se lá por que tipo de razões sejam, acham que esses direitos não devem ser garantidos aos imigrantes. De que lado, leitor, você está?

A revista “Época” publicou em edição recente um artigo onde chama o CRBE de “Conselho Desaconselhável” e argumenta contra a existência do CRBE, o fato de que em seus primeiros meses de existência, seus conselheiros estavam mais preocupados com questões prosaicas do que propriamente com a causa dos imigrantes.

Sem entrar no mérito das acusações quase infantis que a “Época” faz ao CRBE, o que nos assusta é ver a segunda mais importante revista semanal do Brasil, “condenar” a representação dos 3 milhões de brasileiros no exterior, em função do que seria o comportamento imaturo de alguns de seus primeiros integrantes. Imaginemos que a “Isto É” defenderia também a extinção da Câmara de Deputados e do Senado do Brasil, que, notoriamente sabemos, coleciona mais escândalos e escandalosos, corruptos e desonestos do que caberia em uma edição inteira daquela publicação.
Não é de hoje que o “Brasil” tem uma enorme dose de ignorância – no sentido lato de ignorar – e outra enorme dose de “má vontade” com o “Brazil”. Entenda-se aqui o Brasil com “s” o nosso país e o com “z” aquele virtual, formado pelos 3 milhões de brasileiros que residem fora do território nacional.

Preconceito, inveja, desdém e intencional divulgação de imagens estereotipadas é uma prática antiga da grande mídia brasileira sobre a realidade dos brasileiros no exterior.

Sim, porque para cada imigrante que eventualmente sirva de “bode expiatório” para o exercício difamador de publicações como “Veja”, “Isto É”, “Folha de São Paulo” e “Estadão”, há centenas de imigrantes honestos, trabalhadores, muitos extremamente bem sucedidos em sua busca por uma vida melhor, mais decente e mais segura, fora o país.

A coragem e o pioneirismo demonstrados pelos embaixadores Oto Agripino Maia e Eduardo Gradilone, ex e atual ocupantes da Subsecretaria Geral para Brasileiros no Exterior, do Itamaraty, são dignas do maior respeito e aplauso por parte dos imigrantes brasileiros. E mais: devemos, gostem dele ou não, ao presidente Lula, o encorajamento e determinação para que o sonho de uma representação dos imigrantes se tornasse realidade. Essa conquista incomoda muita gente.

Quanto ao comportamento ainda amador e inseguro de alguns dos conselheiros eleitos, seria ridículo imaginar que teríamos 16 eleitos com total aparelhamento intelectual e experiência que transformasse o CRBE em um foro de extremo comprometimento com os interesses de seus
representados.

Só pode ser má intenção de quem escreveu a matéria. Porque todos sabemos que a esmagadora maioria dos políticos, em todas as partes do mundo, em qualquer cultura, em qualquer sistema, jura defender os interesses de quem o elege, durante a campanha, mas realmente muito poucos levam isso adiante após a posse.

No caso do CRBE há ainda um elemento muito forte a favor desses 16 primeiros eleitos e dos 16 suplentes. Todos concorreram e foram empossados sabendo que, pelo menos por enquanto, não teriam nenhum tipo de remuneração. Não podem nomear ninguém, pedir emprego nem favores. Estão ali em um caso raríssimo de “voluntariado” que precisa e deve ser valorizado.

A matéria da “Época” foi infeliz. Serviu apenas para mostrar o quanto a grande mídia brasileira está cada vez mais rasa, mais sensacionalista, pegando o “bonde andando” e pouco se lixando para os interesses dos 3 milhões de cidadãos brasileiros que vivem fora do Brasil.