Cresce o número de brasileiros que têm visto para os EUA negado

Por Arlaine Castro

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[caption id="attachment_137958" align="alignleft" width="300"] A Estátua da Liberdade em Nova York é um dos pontos mais visitado dos EUA. Foto: Shutterstock.[/caption]

Desde o ano de 2016 a emissão de vistos para os Estados Unidos tem ficado cada vez mais rigorosa. Ante a crise econômica e política que entrou o Brasil, nem todos os brasileiros têm conseguido a autorização legal para visitar o país.

Tal fato é contrário aos anos anteriores, como em 2012, quando a aprovação de vistos aumentou consideravelmente, chegando o consulado do Rio de Janeiro a registrar aumento de 103% em comparação com o ano anterior, seguido por Brasília (69%), São Paulo (52%) e Recife (14%), segundo o Ministério das Relações Exteriores.

Em 2010, o Consulado Geral em São Paulo emitiu mais de 319 mil vistos - mais que qualquer outra seção consular dos Estados Unidos no mundo.

Porém, além da crise que o país atravessa, com a entrada de Donald Trump na presidência, o rigor tem sido cada vez maior. As mudanças nas leis de imigração propostas por Trump também estão contribuindo para o aumento de vistos de não-imigrante negados aos brasileiros.

Além disso, mesmo sob as regras antigas, brasileiros já vinham tendo dificuldades para obter o documento. De acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores, a taxa de recusa de vistos dos EUA triplicou do ano fiscal 2015/2016 sobre o período anterior: 16,7% dos pedidos foram recusados contra 5,3% de 2014/2015.

A personal trainer Verônica Furtado, 30 anos, vive em Hallandale e mora nos Estados Unidos há 2 anos e 7 meses. Há menos de um mês, ela deu à luz o primeiro filho. Impossibilitada de viajar no momento, uma prima que mora no interior de Rondônia viria visitá-la em breve. No entanto, a tentativa de visto foi frustrante na última semana. Os oficiais negaram o visto de turista, sem ao menos conferir a documentação levada pela candidata na entrevista. “Eles nem sequer olharam para a minha prima e nem checaram os documentos. Apenas perguntaram se ela já havia viajado alguma vez para o exterior e devolveram o passaporte dela sem dizer o motivo de negar o pedido”, disse.

Verônica afirma que a prima levava, além de uma carta-convite, evidências de que tem vínculos com o Brasil, como uma microempresa e um filho de 13 anos que não viria junto, pois está estudando. “Fiquei muito triste, pois ela é como uma irmã para mim. Para tentar o visto novamente, acaba saindo caro, pois ela mora em Rondônia e não tem consulado lá.”, lamentou.

Outro caso recente de negativa aconteceu com um casal de Minas Gerais. Ângela e Ricardo Moraes moram no interior do estado, em Ipatinga, e foram tentar o visto de turista no mês de janeiro no consulado americano do Rio de Janeiro para um passeio em Boston e Nova York. Ele tem parentes lá e já tinha tirado o visto de turista, que estava válido por 10 anos, mas ela foi tentar pela primeira vez. A surpresa do casal foi que, na entrevista (os dois foram juntos), o oficial não só negou o visto para Ângela, como cancelou o de turista de Ricardo, também sem explicar o motivo de tal decisão.

A diminuição das emissões de vistos tem deixado muitos brasileiros tristes, tanto os que moram nos EUA, quanto a família que fica no Brasil e não pode vê-los. A brasileira Suellen Lázaro, que mora em Randolph (MA) e é cidadã americana há dois anos, relata a decepção da família com a negativa do visto de turista para sua tia há quatro meses, no consulado do Rio de Janeiro. “Minha tia mora em Baguari (MG) e não há vejo tem uns três anos. Estávamos certos de que ela conseguiria porque já tem 70 anos e é aposentada no Brasil, tem casa em seu nome e a renda da aposentadoria e viria passear com a minha mãe, que já veio outras vezes e tem o visto válido. A entrevista foi rápida e quando ela questionou o porquê da negativa, o oficial `deu de ombros` e apenas disse `porque sim`".

Suellen disse que todos os documentos estavam em dia e ela ainda mandou carta-convite e outros documentos para atestar que são residentes legais nos EUA e que ela viria apenas por um tempo a passeio, mas não adiantou”, declara.

Novas regras

As novas regras têm dificultado ainda mais quem vai tirar ou renovar o visto e a tendência, parece, é que a fiscalização fique ainda mais rígida e exigente.

Dentre as novas regras impostas no início do ano, estão a revogação da isenção de entrevista para os vistos, tanto de turismo quanto outros, que passaram da validade há mais de 12 meses.

Antes, era possível renovar o documento, sem precisar de entrevista, desde que vencido há, no máximo, quatro anos. Além disso, brasileiros que solicitam o visto pela primeira vez e são maiores de 14 anos e têm menos de 79 anos, também precisam comparecer pessoalmente à entrevista. Antes, eram isentos desta etapa menores de 15 anos e os que tinham mais de 66.