Criminalização de indocumentados é o tema preferido dos senadores durante o recesso.

Por Gazeta Admininstrator

Uma promessa dos líderes republicanos de que não farão pressão para transformar a imigração indocumentada em crime pouco provavelmente acalmará a oposição, disseram legisladores de ambas as vertentes na quarta-feira(12).

Projeto aprovado na Câmara em dezembro considera a imigração de indocumentados um crime punível com, pelo menos, um ano de prisão. Essa proposta tem sido a grande motivadora das manifestações de imigrante vistas recentemente em todo o País.

Em uma nada usual divulgação conjunta na terça-feira(11), o líder da maioria no Senado, Bill Frist, republicano do Tennesee, e o porta-voz da Câmara, Deniss Has-tert, republicano de Illinois, disseram que sua intenção é “produzir um forte esquema de segurança de fronteira que não tornará a presença de indocumentados um crime”. Eles disseram que o artigo que prevê a criminalização teria sido eliminado antes, caso não tivesse havido um bloqueio por parte dos democratas.

O republicano Mario Diaz-Balart, da Flórida, um dos cinco republicanos hispânicos da Câmara, saudaram a promessa de eliminar um plano que era considerado “excessivamente ofensivo para os trabalhadores imigrantes”. Ele e outros republicanos acusaram os democratas de estar sendo maquiavélicos ao insistir em manter a criminalização dos imigrantes. “Os democratas estão jogando”, disse o presidente do departamento de Segurança Interna (Homeland Security), Peter King, republicano de New York.

Em uma carta a Frist, divulgada na quarta-feira(12), o líder da minoria no Senado, Harry Reid, democrata de Nevada, acusou o líder republicano no Senado de estar fazendo um jogo de empurra com o tema da imigração, impedindo que as discussões vão adiante. Reid também criticou o presidente Bush, que tem defendido a ajuda aos indocumentados.

O Porta-voz da Casa Branca Scott McClellan disse que Reid está usando artifícios processuais para opor-se à vontade dos cidadãos americanos” que querem ver aprovada uma ampla reforma da imigração.

Defensores dos direitos dos imigrantes não ficaram impressionados com a promessa de Frist e Hastert. O senador Edward Kennedy, democrata de Massachussets, considerou as declarações uma “retórica vazia”. O diretor-executivo do Fórum Nacional de Imigração, Frank Sharry, disse que o discurso era “um conforto distante” para os imigrantes indocumentados que estariam sujeitos a prisão.

King, co-autor do projeto aprovado na Câmara, disse que a decisão de derrubar a criminalização provavelmente não vencerá aqueles que têm protestado contra ela.

A controvérsia abre uma brecha para manobras políticas. Democratas como o senador John Kerry, de Massachussetts, tem acusado os republicanos de tentar “criminalizar os imigrantes”. Mas foram os democratas que asseguraram que o plano de criminalização fosse incluído no projeto.

O republicanos fizeram o que o republicano Dan Lungren, da Califórnia descreveu como “um esforço de boa fé”, para retirar a penalidade de crime do projeto da Câmara em dezembro, depois de avaliar que tal iniciativa poderia aumentar os custos de processos contra imigrantes indocumentados. Os acusados, em casos de crimes, disse Lungren, seriam levados a juri e o dinheiro dos impostos pagos por contribuintes é que financiaria defensores públicos.

No entanto, quando o presidente do Comitê Judiciário da Câmara, F. James Sensenbrenner, de Wisconsin, tentou reduzir a imigração indocumentada a um delito, sua emenda foi derrotada por 191 votos democratas.

O republicano Luis Gutierrez, Democrata de Illinois, disse que os democratas deliberadamente torpedearam a emenda de Sensenbrenner para reduzir as penalidades contra imigrantes indocumentados, com o objetivo de tornar o projeto da Câmara “impalatável”. De acordo com a atual lei, aqueles que cruzam a fronteira sem permissão já são penalizados criminalmente. Mas aqueles que entram legalmente no país e ficam além do tempo permitido, uma parcela estimada em 40% do total de indocumentados, são responsabilizados por violação civil.