Crise das charges se cristalizou em Meca

Por Gazeta Admininstrator

A crise detonada pela publicação em jornais ocidentais de charges retratando o profeta Maomé já provocou mortes e violentos protestos em várias partes do mundo. Mas a resposta do Islã ao que considera uma infâmia se cristalizou, em dezembro do ano passado, em um encontro dos líderes das 57 nações muçulmanas em Meca, a cidade mais sagrada para os seguidores da religião, informa na edição desta quinta-feira o jornal "New York Times". Questões como o extremismo religioso foram um dos pontos centrais das discussões. Mas muito das conversas girou em torno de um tema delicado: os cartoons, primeiramente publicados na Dinamarca, em setembro do ano passado.

O documento extraído do encontro expressou "preocupação com o crescente ódio contra o Islã e contra muçulmanos" e condenou "o recente incidente de profanação da imagem do profeta sagrado Maomé na imprensa de certos países", como também "o uso da liberdade de expressão como um pretexto para difamar religiões".

O encontro em Meca, cidade onde não-muçulmanos são barrados, não teve muita cobertura da imprensa internacional, embora estive nela o polêmico presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Mas na trilha desde o repúdio quieto em uma pequena comunidade muçulmana no Norte da Europa à disseminação da fúria internacional, a reunião da Organização da Conferência Islâmica - e o papel que os governos de países-membros desempenharam na resposta à "ofensa" - foi uma espécie de virada na questão.

Depois do encontro, o ódio contra as charges dinamarquesas, especialmente em níveis governamentais, tornou-se mais visível. Em alguns países, como Síria e Irã, isso significou pesada cobertura da imprensa oficial e o virtual apoio do governo à onda de protestos que terminaram com embaixadas da Dinamarca em chamas.

Na quarta-feira, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, acusou os governo de Irã e Síria de se aproveitar da crise para inflamar a população contra o Ocidente. Líderes dos dois países negaram a acusação.

Nos últimos dias, alguns governos de países muçulmanos tentaram acalmar a fúria popular, preocupados com o aumento no nível da violência e o registro de mortes em alguns casos.