Crise e dólar ainda alto fazem brasileiros venderem seus imóveis na Flórida

Por Gazeta News

Miami bayfront skyline at night

Brasileiros estão mudando de lado com relação à compra e venda de imóveis nos Estados Unidos. Há cinco anos, a procura por imóveis como segunda moradia ou para temporada era maior do que a venda desse tipo de imóvel.

Atualmente, tem crescido o número de brasileiros que estão vendendo seus imóveis por não conseguir pagar as prestações, uma vez que o dólar está acima de R$ 3,15 e os preços do mercado imobiliário americano em patamares mais elevados.

Fernando Bergallo, diretor da FB Capital, empresa especializada em transferência de recursos, diz que atuou em 1.356 transações imobiliárias de brasileiros nos EUA entre 2011 e 2016. Até 2015, a FB só havia realizado operações de compra dos bens. “A partir de 2015, passei a observar vendas. Foram 115 operações”, disse.

“Cerca de 40% dos proprietários no condomínio onde comprei uma casa em Orlando, em 2011, são brasileiros. Muitos estão reclamando do câmbio, que deixou o financiamento pesado. Vender se tornou interessante”, diz a empresária Ana Gonçalves.

Essa mudança no perfil dos clientes brasileiros tem provocado um movimento maior e diferente na economia. De acordo com Lana Favero, corretora de imóveis na Flórida há 16 anos, a crise de 2015 foi muito grande e o susto pelo aumento do dólar e todos os problemas políticos do Brasil fizeram com que os brasileiros ficassem apreensivos e deixassem de investir em imóveis. “Passei a trabalhar mais com imóveis comerciais desde então e, agora, o cenário está mudando novamente com um número maior de famílias vindo morar no exterior”, afirma.

Segundo ela, o perfil atual dos clientes brasileiros é em grande parte de família com filhos pequenos, que procuram uma localização com boas escolas para moradia definitiva na Flórida, buscando sair da crise no Brasil.

“Tenho clientes querendo comprar imóveis para morar, muitos querendo comprar ‘galinha morta’, ou seja, imóveis mais velhos para poder reformar e morar ou vender, mas esse tipo de negócio está ficando escasso porque os valores oferecidos não são mais tão baixos assim”, explica.

O mercado atual está favorecido para o comprador, pois, muitos brasileiros que investiram quando a economia estava melhor, estão voltando ao mercado para venda ou locação, para que as despesas relacionadas ao imóvel como condomínio, IPTU, seguro, etc, sejam pagas com o valor da locação.

“Aqui, nos Estados Unidos, quem paga essas despesas são os proprietários, ao contrário do Brasil onde tudo é pago pelo inquilino. A preferência tem sido locar a propriedade e esperar a crise passar”, explica Lana Favero.

Com informações da Folha de São Paulo.