Crise e Oportunidade - Encarando os desafios com trabalho, criatividade e visão

Por Carlos Borges

Um antigo ditado – dos mais sábios – diz que crise e oportunidade são faces de uma mesma moeda. A mesma visão aparece em provérbios orientais, escrituras seculares de diversas culturas.

Vivemos sim, reconhecidamente, nas comunidades brasileiras no exterior, uma “crise dentro da crise”.

Como a própria existência de uma migração se sustenta no mapa de oportunidades de emprego, ganhos e melhoria de condições de vida, uma crise econômica como vivemos há 4 anos no mundo, gera um impacto ainda mais radical nas populações emigrantes e as comunidades brasileiras no exterior refletem bem esse momento confuso e desafiador.

O “confuso” se traduz em incerteza, complicadas tomadas de decisão, invariavelmente um cenário que vai da ansiedade à depressão. Muita gente tem sido levada a retornar ao Brasil por não conseguir enxergar saídas.

Não deixam de ter razão: para muitos, o dilema imigratório sem horizonte, a falta de oportunidades de ganhos e as pressões financeiras do dia-a-dia, realmente induzem ao retorno como uma solução quase que “inquestionável”.

Mas há muitos outros, uma sensível maioria, que segue apostando em saídas, em “luz no fim do túnel” e apostando que, mais cedo do que tarde, o revoltante descaso dos políticos com relação aos indocumentados, se converterá em soluções definitivas. Como, aliás, já aconteceu no passado.

Há outros ainda que adotam firmemente o princípio de que “Crise = Oportunidade”.

Se de um lado vemos comércios brasileiros fechando, de outro percebemos novos empreendimentos surgindo já com uma “cara” nova, uma estratégia de mercado diferenciada.

A acomodação é o grande inimigo de quem não quer de fato trabalhar e criar para superar crises ou as inevitáveis ondas de inovação que sempre estão chegando até cada um de nós.

Aqueles que têm escolhido trabalhar, arregaçar as mangas, se preocupar menos com lamentações, derrotismo ou estratégias de discórdia e envenenamento, tendem a desaparecer. A arena de sobrevivência em uma economia em mutação, não perdoa os fracos de cabeça, os preguiçosos, os que vivem de fofoca e muito menos os que “deitaram na cama”, no tempo das vacas gordas e agora reclamam de um mundo que já não lhes garante fartura fácil.

Temos testemunhado grandes avanços dentro da nossa comunidade nesses quatro últimos anos e esses avanços dizem respeito à capacidade dos empresários da comunidade, em todos os setores, encararem de frente o desafio da reinvenção. Sem medo de ser feliz e calçando seus esforços em uma séria pauta de investimentos (o mínimo que seja) e muito trabalho.

Tem gente que odeia trabalhar.

Esses estão em uma sinuca. Porque aqui, quem não trabalha, dança. No Brasil de agora - onde muitos estão retornando na ilusão de que há um paraíso de oportunidades esperando por eles - quem não estiver disposto a “arregaçar as mangas” e encarar a revolução que está acontecendo por lá, vai se desesperar de vez.

Entende-se o desespero dos que não querem trabalhar.

Mas o que nos importa é estimular, aplaudir e dar força aos que estão encarando uma fase passageira (e muito útil) da economia mundial, para redesenhar com trabalho e criatividade suas histórias de luta e sucesso no exterior.

Acreditamos que a receita é essa. Nós, pessoalmente, estamos agindo assim e vemos muitos de nossos parceiros, colegas de área de atuação, clientes e comunidade em geral, muito mais acreditando e apostando em uma “virada” muito breve.

Encaramos a crise atual sob o ponto de vista de Darwin. Sim, aquele cientista que nos legou a Teoria da Evolução das Espécies. Em uma analogia ao ringue, onde os mais inteligentes e hábeis derrotam os mais musculosos e pesados, na arena da sobrevivência das comunidades imigrantes, a sobrevivência é ditada pela capacidade de aprender com os próprios erros, criar, inovar, investir e jamais ficar chorando sobre o leite derramado.