Crise na Varig pode levar à paralisação da empresa amanhã.

Por Gazeta Admininstrator

Com um saldo de R$ 778 milhões,a Varig não tem recursos para pagar nem o combustível usado em suas aeronaves. Os funcionários já apóiam uma redução de 2,9 mil vagas e o corte na folha de pagamento em até 30%.

As próximas 24 horas serão decisivas para a companhia aéra Varig, ela que pode não levantar mais vôo já a partir deste fim de semana. O futuro imediato da companhia está nas mãos do governo, principalmente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). “Ou a Varig aproveita essas 48 horas para dizer que vai investir na criação de uma ‘nova Varig’, ou a empresa acabou”, sentenciou o coordenador da associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), Márcio Marsillac, ao Correio.

Hoje, a Infraero deve começar a cobrar da Varig, as taxas de operação que são obrigatórias para qualquer empresa aérea que utilize aeroportos no país. Esse fato seria pode culminar na fim da empresa, ela que na década de 90 foi a maior companhia aérea da América Latina. Atualmente seu saldo negativo já batem a casa de 778 milhões, registrados no ano passado. A Varig começou 2006 com caixa tão baixo que não tinha recurso para pagar nem mesmo os serviços básicos para a continuidade dos vôos, como o combustível vendido pela BR Distribuidora e que já é cobrado antecipadamente. Atualmente, a Varig possui um patrimônio líquido negativo de R$ 7 bilhões.

No último encontro entre os credores teve-se início um novo debate sobre uma forma de manter a empresa operando. Nessa reunião os funcionários, encabeçados pela TGV, elegeram a consultoria americana Alvarez & Marsal como gestora do plano de recuperação extrajudicial da aérea. Uma avaliação prévia da saúde financeira da Varig feita pelos consultores concluiu que a companhia, no momento, perdeu a capacidade de atrair investidores para se recuperar. Segundo os dados da Alvarez & Marsal, a Varig necessita de um plano emergencial para voltar, primeiramente, a operar no azul. Somente após isso é possível pensar em recuperação.

O problema é que um dos pontos fundamentais do plano prevê a ampliação do prazo de cobrança das taxas por parte da Infraero e das cotas de combustíveis por parte da BR Distribuidora. Porém a Infraero já alegou que está no limite da ilegalidade ao permitir que a companhia aére continue funcionando mesmo sem efetuar o pagamento do deve. O Tribunal de Contas da União (TCU) exigiu que a estatal volte a fazer as cobranças, a serem realizadas ainda hoje.

Nessa última quinta-feira, vários integrantes do governo se encontraram com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para debater a questão. Depois de quatro horas de discussões, Dilma saiu do encontro para participar da cerimônia de entrega das obras de restauração do Palácio da Alvorada. E nenhuma decisão foi anunciada. Em contrapartida ao alongamento do início da cobrança, os funcionários se dispõem a apoiar um corte de 2,9 mil vagas e redução salarial de até 30% da folha de pessoal remanescente.