Crise pode durar até uma década

Por Gazeta Admininstrator

Dois prêmios Nobel de Economia, Daniel McFaden e Michael Spence, manifestaram ontem pessimismo sobre a capacidade de recuperação da economia americana e global, indicando que as conseqüências da atual crise podem perdurar por uma década.

Para McFaden, os EUA podem, na pior das hipóteses, crescer regularmente abaixo da média histórica por até dez anos, com níveis altos de desemprego. Ele notou que não há sinais de que possam voltar a funcionar tão cedo os motores do crescimento, o investimento e o consumo. Já Spence acha possível que EUA e Europa encarem de dois a três anos de recessão.

Segundo ele, o processo de desalavancagem (redução de dívidas) é demorado. Em relação ao mundo emergente, afirmou que a desaceleração são favas contadas, mas ainda há dúvidas se haverá recessão. Frisou que, para um país de rápido crescimento, como a Índia, cair de um ritmo de 9% para 4% dará a sensação de recessão.

McFaden demonstrou mais otimismo em relação aos países em desenvolvimento, especialmente os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Para ele, essas nações vão liderar a retomada da economia global. “Os países em desenvolvimento têm apresentado taxa de expansão maior que o resto do mundo e podem continuar apresentando crescimento mesmo durante a fase de recessão internacional”, disse. Apesar do pessimismo, Spence e McFaden têm esperança de que as medidas de estímulo monetário e fiscal dos EUA e outros países ricos dêem certo e abreviem o período difícil da economia global.

Para McFaden, o governo americano deve intervir “maciça e decisivamente”, capitalizando instituições financeiras, facilitando o crédito e baixando impostos. Spence defendeu que o governo dos EUA conceda hipotecas subsidiadas diretamente para os mutuários em dificuldades. Eles poderiam trocar os contratos que não conseguem honrar pelas novas hipotecas com condições facilitadas.