Cubano que pediu asilo aos EUA trabalhou para a CIA, diz relatório

Por Gazeta Admininstrator

Um cubano contrário ao regime de Fidel Castro e que pediu asilo aos EUA agiu durante 29 anos como espião da CIA, revelam documentos secretos do governo americano tornados públicos na quinta-feira.

Luis Posada Carriles é procurado pelo governo da Venezuela pelo ataque a um avião cubano. Arquivos da CIA e do FBI revelaram que investigadores americanos acreditavam que Posada estava envolvido no ataque a bomba na Venezuela contra um avião da companhia Cubana Airlines, que matou 73 pessoas, incluindo adolescentes cubanos que integravam a equipe de esgrima do país comunista, em 1976.

O pedido de asilo de Posada colocou o governo dos EUA em uma situação delicada: como conciliar a tradicional simpatia por dissidentes políticos cubanos exilados com sua firme posição de agir contra suspeitos de terrorismo, após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Para pressionar Washington, o presidente de Cuba, Fidel Castro, convocou nesta quarta-feira uma marcha em Havana para exigir que os EUA prendam o anticastrista, atualmente com 77 anos e que vive em Miami.

- Temos que exigir que se faça justiça. Não vamos ficar de braços cruzados. Desde agora, proponho que na próxima terça-feira organizemos uma marcha do povo combatente diante do Escritório de Interesse do Governo dos EUA em Cuba para exigir que Posada seja preso - disse o presidente cubano em um pronunciamento transmitido por cadeia de rádio e TV.

- Já que todo mundo sabe que (ele) está nos EUA há dos meses, na maior falta de vergonha do mundo. Todo mundo sabe que (ele) está lá e não se dão por inteirados de uma questão que seria como a do terrorismo criado e inventado por eles (EUA) - disse Fidel.

Cuba e EUA romperam relações diplomáticas em 1961, mas abriram em 1977, durante o mandato do presidente americano Jimmy Carter, Escritórios de Interesses americano e cubano em Havana e Washington como os únicos canais de comunicação oficial entre os dois países.

O presidente cubano classificou a marcha como "um protesto contra o terrorismo, uma batalha pela justiça, um protesto contra as torturas admitidas e reconhecidas até por seus autores. É uma luta pela verdade".

Havana quer que Washington recuse o pedido de asilo feito por Posada e defende que o anticastrista seja extraditado para a Venezuela.

Por sua parte, a Venezuela, aliada de Havana, pediu a extradição de Posada. O cubano chegou a ser preso pela polícia venezuelana depois que o avião caiu perto da costa de Barbados, mas, antes ser julgado, conseguiu escapar da prisão disfarçado de padre em 1985. Em 2000, Posada foi preso no Panamá por participação em um complô para matar Fidel Castro durante uma reunião de cúpula, mas foi anistiado pela presidente Mireya Moscoso.

Um documento do FBI datado de 3 de novembro de 1976 destaca que um informante anônimo disse que Posada estava em um grupo que discutiu "o atentado contra o avião cubanos", antes da realização do ataque, em uma reunião no bar do hotel Anauco Hilton, na capital venezuelana, Caracas.

Outros documentos dizem que Posada atuou também com agente da CIA nos anos 60 e recebeu cerca de US$ 300 da agência de inteligência americana quando trabalhava com uma aliança de vários grupos baseados na República Dominicana e que planejavam derrubar o presidente Fidel Castro.

Um outro relatório do FBI, que cita outro refugiado cubano não identificado, diz que Posada recebeu US$ 5 mil do Jorge Más Canosa, proeminente exilado cubano que morreu em 1997 em Miami, para financiar uma ação na qual minas seriam colocadas em barcos cubanos ou soviéticos no porto mexicano de Veracruz.