Cubanos em Miami consideram 'traição' as concessões de Obama a Cuba

Por Gazeta News

Foto: Alan Diaz/AP.
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Grande parte dos cubanos que vivem em Miami, cidade americana que concentra a maior parte dos refugiados da ilha, classificou como "traição" do presidente Barack Obama fazer concessões a Havana.

No dia em que a medida foi anunciada, 17, centenas de cubanos saíram pela Calle Ocho de Little Havana para protestar, apesar de uma parcela comemorar.

"É uma traição", disse à AFP o cubano Evelio Montada, de 70 anos.

"Sabia que isso ia acontecer. Há tempos que ele (Obama) vem com essa confusão", disse à AFP Osvaldo Hernández, de 50 anos, da organização anticastrista Vigilia Mambisa, no Café Versailles da Calle Ocho, símbolo do exílio cubano.

O embargo nunca vai ser suspenso, porque tem de ser decidido pelo Congresso americano, mas Obama é um covarde por anunciar essa aproximação", afirmou Hernández, com um cartaz denunciando a "traição" de Washington.

"É uma falta de respeito. (Obama) é mais fidelista e comunista do que outros", disse Félix Tirse, indignado, que chegou de Cuba aos EUA há 53 anos.

Para outros cubanos, que saíram de Cuba e já vivem há muitas décadas nos Estados Unidos, a notícia não causou maiores reações.

"Cuba não me interessa. Isso não me afeta", minimizou Pedro Alvarez, de 79 anos, 52 deles vividos nos Estados Unidos. "Que as relações vão melhorar? Eu duvido, depois de mais de meio século de disputas", acrescentou o aposentado.

Diálogo formal entre Cuba e EUA deve começar no fim de janeiro

Estados Unidos e Cuba deverão começar a se relacionar, oficialmente, até o fim de janeiro de 2015. A primeira reunião vai acontecer em Havana, segundo declarou a subsecretária de Estado para América Latina, Roberta Jacobson à agência “AFP”.

Já estava previsto que as duas delegações se reunissem para tartar do tem a imigração, entretanto, o encontro deve ter uma pauta mais ampla depois que os presidentes Barack Obama e Raul Castro, na última semana, demonstraram sua vontade de pôr fim ao embargo que já dura mais de 50 anos.

"O processo é relativamente simples, realmente, de uma perspectiva legal", comentou.

Segundo Roberta, porém, "requer que os dois países alcancem um acordo sobre o processo" e que "se ponha um ponto final a um acordo de 53 anos com o governo da Suíça como poder protetor" dos Escritórios de Representação de Interesses de ambos os envolvidos, em Washington e em Havana.

De acordo com o presidente, a reaproximação será baseada nas seguintes medidas: o restabelecimento das relações diplomáticas, a simplificação do processo para viagens de americanos para território cubano, a autorização de vendas e exportações de bens e serviços para a ilha, a autorização para americanos importarem bens de Cuba e o início de novos esforços para melhorar o acesso dos cubanos a telecomunicação e internet. Sob as novas medidas, os EUA planejam reabrir sua embaixada em Cuba, fechada desde 1961.

Roberta Jacobson disse ainda  que "de todas as medidas anunciadas pelo presidente, nenhuma entra em vigor imediatamente".

Esse processo levará "semanas, não meses", até que, segundo ela, as mudanças sejam publicadas no "Federal Register" (o Diário Oficial americano).

As informações são da “AFP”.