Cuidado com os otimistas de plantão, mas, mantenha o otimismo

Por Gazeta Admininstrator

Por Aloysio Vasconcellos*

Quando achávamos que a irresponsabilidade e/ou espírito ?aventureiro?, estilo cowboy, por parte dos banqueiros, administradores de grandes fortunas e outros players equivalentes, estivesse arquivada por muito tempo, eis que aos primeiros sinais de que as duras e custosas medidas governamentais começam a dar resultados, indicando que possivelmente a luz do fim do túnel já começa a aparecer, os arautos do super-otimismo surgem , vaticinando rápida recuperação. Assim, já se houve que a recessão americana já acabou, ou que está ao ponto de findar. Muitos já afirmam que o fundo do poço já foi atingido e que até o final do ano vamos voltar a índices que tecnicamente nos colocarão além desta fase negra que sobre nós se abateu, deixando um severo rastro de sofrimento. Neal Soss, economista chefe do Credit Suisse é categórico ao afirmar que o fim da recessão é iminente, se é que já não se a deixou para trás.

Nos posicionando no meio do caminho, isto é, num conservadorismo otimista, preferimos dançar mais ao ritmo de Tim Geithner, nosso secretário do Tesouro, que deixa perceber sua satisfação, e do governo que faz parte, moderadamente dizendo que já se pode detetar sinais otimistas de recuperação na economia americana e no panorama global. Na verdade foi mais incisivo ao dizer que um programa governamental norte-americano, tão falado e esperado, para ajudar a limpar o mercado de ativos tóxicos e empréstimos problemas, talvez não mais fosse necessário. Aparentemente, as forças desprendidas durante o temporal global que se abateu sobre o capitalismo, com reflexo em todos os cantos do mundo, estariam experimentando progressivo enfraquecimento na medida em que as condições de securitização e o mercado para ativos securitizados começam a dar seus primeiros passos de recuperação.

As receitas prescritas pelos governos do mundo capitalista, industrializado, entretanto, não são as mesmas. Certamente a terapia prescrita para tratamento dos dois doentes, um em cada lado do Atlântico, também não são as mesmas, o que poderá determinar a recuperação antecipada dos Estados Unidos em relação a seus parceiros / sócios europeus. A França e a Alemanha, as duas locomotivas da economia europeia, adotaram políticas mais moderadas e céticas em relação a pacotes de estímulo e políticas monetárias não ortodoxas, se comparadas com os Estados Unidos.

Mas, nada disto abateu Tim Geithner que, em suas declarações, demonstrou compreensão no que tange à politica seguida pelos europeus, certamente resultante de outros processos decisórios, influenciados que são por sistemas diferentes, o que enseja outras práticas de gestão dos problemas, limitações e também oportunidades. Indubitavelmente, mais preocupa ao secretário Geithner a tendência, talvez de longo prazo, no que diz respeito à elevada aversão ao risco, resultante do último ciclo de investimentos. E deste mal também padece a Europa, não importa que remédio tome para sua cura. Pitadas de governança corporativa, rastreamentos e outras práticas não vão fazer desaparecer da lembrança do investidor as más práticas, o despudor e a irresponsabilidade expressada pelos gestores financeiros.

Do lado norte-americano, entretanto, alguns bons resultados são visíveis e dão causa a otimismo, mesmo que cauteloso. Vejamos a situação do mercado imobiliário, a todos nós, aqui do Sul da Flórida , em tão importante : em nível nacional, os índices de crescimento de vendas de imóveis sob contrato (?pen-ding contracts?) subiu pelo terceiro mes consecutivo (fev / abril), sendo que, em abril, cresceu 6,7%, quando os economistas especializados esperavam crescimento de 0,5% . Numa comparação mes a mes de Abril 08/09, o crescimento foi de 3,2% . As vendas crescentes distribuiram-se assim : 32,6% , no Northeast, entre março e abril; 9,8% no Midwest e 1.8% no West . No Sul cresceram 3,5% se comparada de april 08 a 09.

Evidentemente, contribuiram para esses bons resultados a baixa taxa de juros hipotecários praticadas nos últimos meses, assim como o aparecimento dos resultados dos pacotes de incentivos à compra, fazendo com que a procura se ativassse e os vendedores tendessem a negociar a venda de seus imóveis, atraídos pela liquidez portada pelos compradores. A movimentação maior concentrou-se nos imóveis de baixo preço, cujo mercado tem experimentado muita atividade.

Qualquer que seja o termômetro de registro, as indicações estatísticas e tudo mais, estamos, segundo dados fornecidos pela Thomson Reuters Datastream, no mesmo nível de contratos pendentes que estávamos no último trimestre de 2007, tendo atingido os piores momentos, no princípio deste ano de 2009. Junto com a recuperação gradual do mercado imobiliário, crescem as nossas esperanças de melhoria das condições gerais para todos aqueles de nossa comunidade brasileira nos Estados Unidos, pelo alcance que a indústria da construção civil possui, atingindo milhares de lares e individuos, diretamente ligados ou não a essa indústria, por seu fator multiplicador de riquezas.

Há, pois, que ser moderamente otimista neste estágio, porém nutrindo razoável esperança, pois o horizonte dá fortes sinais, favoráveis. Vamos continuar lutando, trabalhando, mantendo níveis de consumo compatíveis com nossos ganhos, uma vez que tudo nos leva a crer que, até o final do ano, deveremos estar reiniciando um ciclo de prosperidade e alegria de toda nossa gente.

* Aloysio Vasconcellos é presidente do Brazilian Business Group, BBG; advogado no Brasil ( Rio de Janeiro); MBA pela Thunderbird, The Graduate School of International Management ; Pós-Graduação pela Universidade de Paris I (Sorbonne); Vice Presidente do Citibank (Brasil e New York); Xerox (USA) ; Exxon (Brasil); Consultor da Embratel e do Estado Maior da Armada (CASNAV) / Brasil. Atualmente, é presidente da Westchester International Corp. (Flórida ).