Cuidado com as propagandas: elas dizem o que você quer ouvir

Por Ivani Manzo

Já se foi o tempo no qual nós preparávamos tudo que comíamos. Atualmente, é quase impossível encontrar alguém que não use nenhum produto industrializado. Por mais que se tente, a maioria das pessoas não tem tempo suficiente para preparar tudo. Se você está pensando que você faz absolutamente tudo, saiba que faz parte de uma minoria muito diminuta. Alguns produtos antigamente produzidos em casa, como a manteiga, hoje em dia raramente o são. Com isso, a busca por produtos prontos aumentou muito. Houve mesmo um tempo no qual a maioria das famílias queria o máximo de praticidade e economia de tempo. Acredito que mais aqui, nos Estados Unidos, que no Brasil, muitas famílias permanecem com essa postura na hora de escolher os alimentos. Os produtos industrializados são mais baratos e, em alguns casos, incrivelmente mais baratos. Isso constitui um duplo atrativo: as pessoas gastam menos dinheiro e ganham mais tempo. Parece o paraíso.

Depois de alguns anos vivendo essa maravilha de praticidade, as consequências começaram a ser reconhecidas. Muitos alimentos industrializados apresentam baixa qualidade de nutrientes e ainda apresentam uma grande quantidade de substâncias que não fazem parte do repertório de nutrientes do ser humano. Etil P-hidroxibenzoato, ácido benzoico, Butilhidroxitolueno BHT, Azorrubina, entre outros. Assim, eles no mínimo devem ser retirados no nosso corpo depois de ingeridos e absorvidos, e isso sobrecarrega e pode causar alguns danos. Principalmente se comermos sempre. Daí surgiu a necessidade de termos leis que nos protegeriam, mas muitas vezes não protegem.

Todos os produtos alimentícios industrializados devem ter um rótulo e a lista de ingredientes. Ótimo isso. Esse rótulo e lista de ingredientes devem seguir algumas regras. Melhor ainda. Porém, algumas informações podem estar escondidinhas e revelar coisas importantes e que os fabricantes não deixam tão claro assim.

Vamos a um exemplo: aqui, nos Estados Unidos, existe um achocolatado (no Brasil tem também) e esse achocolatado tem uma versão regular, normal, e uma versão diet. A primeira impressão é que a versão diet tem menos calorias. Na versão normal, está escrito que há açúcar e que em uma porção de 14 gramas existem 11 gramas de açúcar e ao todo 12 gramas de carboidratos somando 50 calorias. Na versão “no sugar added” está escrito que em uma porção de 11 gramas existem 12 gramas de carboidrato (estranho não é mesmo) e não diz no rótulo qual é o carboidrato, e sim que essa porção soma 35 calorias. Mas, na lista de ingredientes está relacionado maltodextrina, que é formada por glicose, ou seja, açúcar. Entendendo melhor. Outro ponto importante é que há uma redução na porção. Dificilmente uma pessoa faz os cálculos na hora ou mesmo compara todos os números. Mas, fazendo as contas, a versão normal tem 3.5 calorias por grama e a versão “no sugar added” tem 3.2 calorias por grama. Agora não parece tão diet assim, certo? Ler os rótulos e entender o que está escrito é fundamental para fazermos boas compras.