Cursos de conscientização sobre envelhecimento

Por Gazeta Admininstrator

Enquanto, no Brasil, mulheres independentes, e sem problemas financeiros, a partir dos 40 anos, decidiram voltar a brincar de boneca, conforme mostrou, recentemente, o programa “Fantástico”, da Rede Globo de Televisão, nos Estados Unidos profissionais da área de saúde desenvolvem métodos para reduzir o choque do envelhecimento.

Algodão nas orelhas para simular surdez, esparadrapo nos dedos para fingir artrite: nos Estados Unidos, cursos novos ensinam a enfermeiros, a acompanhantes de idosos e também à geração dos “baby-boomers” o que é envelhecer.

“A idéia destes cursos é desenvolver a sensibilidade, conscientizar os alunos para os problemas ligados ao envelhecimento para poder estabelecer um melhor relacionamento com as pessoas idosas”, explicou Steve Lemoine, diretor da Casa de Repouso Westminster Thurber em Ohio (norte) que ministra, regularmente, cursos como estes para seu pessoal.

“Estamos tentando mostrar às pessoas o que é envelhecer tanto no nível social, como físico, emocional, cognitivo e espiritual”, acrescentou Peg Gordon, assistente do instituto Macklin de Finlay (Ohio), um dos pioneiros deste método de formação batizado “Xtreme Aging”.

Em sessões de três a oito horas por grupos de 20 a 25, segundo as formações, os participantes experimentam as dificuldades da velhice como as degradações físicas, o fato de ter de se separar dos objetos pessoais, de perder os amigos, de ir para um asilo.

Entre os alunos, há pessoal da área de saúde, membros de famílias com idosos, e “tipicamente muitos baby-boomers” (nascidos entre 1946 e 1964), afirmou a representante do Macklin Intergenerational Institute.
O método é interativo e bastante radical, resumiu Peg Gordon.

Com óculos de grau ou máscaras para natação molhadas, os professores fazem os alunos ficarem com um campo de visão embaçado como um idoso que não enxerga bem. Além disso, usam como técnicas luvas para reduzir a sensibilidade, algodão úmido nas narinas para diminuir as sensações olfativas, que conseqüentemente afetam paladar.

Alguns cursos colocam grãos e pipoca nos sapatos dos alunos para provocar as mesmas sensações de desconforto dos calos nos pés que os idosos sentem.
“Depois, pedimos aos alunos que realizem tarefas do cotidiano. Vocês podem escolher, contar e tomar seus remédios? Vocês podem digitar um número de telefone celular? Vocês podem ler uma carta? Tudo isso se torna extremamente frustrante”, explicou a professora da Xtreme Aging, um método criado pelo médico Vicki Rosebrook.

“O café da manhã é uma experiência incrível. Distribuímos aos participantes biscoitos secos e três tipos de geléia e depois pedimos a eles para passarem a geléia nos biscoitos: “e então, com a artrite e o tato perdido, os biscoitos se quebram e, sem o olfato e o paladar, eles não conseguem distinguir o sabor da geléia”, contou Peg Gordon.

“Mas o pior é quando começamos a trabalhar a parte emocional do exercício. Para mim, é verdadeiramente o mais difícil”, afirmou Peg Gordon.

Os participantes são convidados a marcar em pequenos papéis as cinco pessoas que eles mais gostam, as três coisas mais preciosas que têm e as três atividades preferidas, como dirigir um carro, viajar ou votar.
Conforme o tempo e a idade vão avançando, os participantes são obrigados a enfrentar a perda de um marido, uma irmã, abandonar seus objetos preciosos e ficar com apenas dois. “Em geral, nos EUA quando você vai para um asilo, você só é autorizado a levar com você dois objetos, como um álbum de foto ou uma minitelevisão”, lembrou Peg Gordon.

“É um choque para os participantes se deparar com esta realidade”, disse.
Alguns estão mais bem preparados que outros, como uma aluna de 85 anos, feliz com os exercícios preparados para sua idade avançada: “É legal, eu não sabia que estava velha!”, admitiu.