Da violência sexual ao suicídio

Por Arlaine Castro

A relação entre as emoções e o surgimento de alguns tipos de câncer ou outras doenças devastadoras já é estudada ultimamente com maior seriedade. O surgimento de doenças após longo períodos de estresse não é raro. A imunidade baixa contribui para infecções e vírus atacarem.

A Organização Mundial da Saúde considera a violência contra a mulher qualquer ato que cause ou tenha alta probabilidade de causar dano físico, sexual, mental ou sofrimento, incluindo as ameaças desses atos, a coerção ou a privação arbitrária da liberdade, independentemente se ocorrida na vida pública ou privada.

A violência sexual se caracteriza por qualquer contato sexual não consentido, tentado ou consumado ou qualquer ato contra a sexualidade de uma pessoa com o uso de coerção, perpetrado por qualquer pessoa em qualquer ambiente. Inclui o estupro mediante intimidação por força física ou não, para fins de penetração da vagina ou do ânus com o pênis, outra parte corporal ou objeto.

O Ministério da Saúde reconhece a violência sexual como questão de saúde pública e aponta que uma em cada quatro mulheres no mundo é vítima de violência de gênero com perda de um ano de vida potencialmente saudável a cada cinco anos. No Brasil, 70% dos crimes contra a mulher acontecem no ambiente doméstico e são praticados, na sua maioria, pelos parceiros íntimos.

Contudo, a violência contra a mulher não se limita à esfera privada ou familiar e mostra características de um problema social. Os autores, W. Villela e T. Lago, abordam no estudo “Conquistas e desafios no atendimento das mulheres que sofreram violência sexual”, que é necessário enfrentar essa problemática nos âmbitos públicos da segurança, do direito e da saúde, pois a violência sexual provoca uma gama variada de consequências nas suas vítimas.

De 1980 a 2008 estudiosos realizaram uma meta-análise envolvendo 37 estudos sobre associação entre abuso sexual e transtornos psiquiátricos. Os resultados indicaram relação entre o antecedente de abuso sexual, o diagnóstico e a duração do transtorno de ansiedade, depressão, transtornos alimentares, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), distúrbios do sono e tentativa de suicídio.

A relação entre abuso sexual e transtornos psiquiátricos mostrou-se persistente, independentemente do sexo da vítima e da idade na qual o abuso ocorreu. Além disso, observaram associação entre abuso sexual e desordens somáticas, incluindo-se alteração funcional gastrointestinal, dor pélvica crônica, convulsões psicogênicas e dor crônica não específica.

O suicídio envolve fatores socioculturais, genéticos e ambientais, mas a existência de um transtorno mental é considerada um forte fator de risco para a ação. De acordo com um levantamento da World Psychiatry, em 96,8% dos casos de suicídio caberia um diagnóstico de transtorno mental à época do ato fatal.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) Antônio Geraldo da Silva, “isso não significa que todo suicídio está relacionado a uma doença mental, mas não podemos fugir da constatação de que o transtorno mental é um importante fator de risco para o suicídio”, avaliou o psiquiatra. Na lista das doenças mentais que elevam a prevalência do suicídio estão: depressão, bipolaridade e transtornos decorrentes de dependência alcoólica e outras drogas psicoativas. “Problemas de personalidade, esquizofrenia e crises de ansiedade também devem ser observados com atenção”, analisa Antônio Geraldo.

Setembro Amarelo

Iniciado no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), o Setembro Amarelo realizou as primeiras atividades em 2014 concentradas em Brasília. Em 2015 já conseguiu uma maior exposição com ações em todas as regiões do país. Mundialmente, o IASP – Associação Internacional para Prevenção do Suicídio estimula a divulgação da causa, vinculado ao dia 10 do mesmo mês no qual se comemora o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

A iniciativa também tem gerado visibilidade para a cartilha de combate ao suicídio, feita pela Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o Conselho Federal de Medicina pode ser acessada por meio do link:http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14  .

Mais informações em http://www.setembroamarelo.org.br/

Com informações do Science Direct.