A Copa do Mundo está servindo de exemplo para alguns dos grandes astros da política nacional. Campeões de copas e de votos estão saindo derrotados e voltando para suas origens abatidos pelos fracos desempenhos. Alguns ainda estão batendo um bolão, mas decidiram sair dos campos eleitorais, exaustos com as tratativas na formação de alianças, ou na exposição excessiva a que foram submetidos na mídia.Outros, como o senador José Sarney, que desistiu de continuar a luta em busca de votos que, a cada dia, se tornam mais escassos. Sarney, durante sessenta anos, afirmam muitos, contribuiu de forma decisiva na construção do país. Analistas respeitáveis consideram que a sua atuação foi nefasta, e a sua desistência de nova candidatura irá favorecer o surgimento de jovens lideranças no Norte e Nordeste.
Vale recordar que Sarney entrou na política aos 23 anos de idade e exerceu importantes cargos na República, inclusive a presidência herdada de Tancredo Neves. Como presidente, o hoje senador, apesar das agressões de opositores, travestidos de aliados, conseguiu com sua habilidade de conciliador e conhecedor dos bastidores dos governos militares, somar esforços na consolidação do regime democrático. Não há político que não reconheça a influência de Sarney em grandes momentos e decisões políticas do Brasil. Ele, centroavante de antigamente, ficará na história como goleador e perdedor de pênaltis, como soí acontecer com qualquer craque.
Outro jogador acostumado a duras pelejas, também desistiu de competir nas próximas eleições; Sérgio Cabral, filho do homônimo compositor e boa praça. Cabral, o ex-governador, agindo como craque de batuque, caiu na farra em plagas distantes, descuidando-se nas imagens feitas por seus companheiros, e saiu na mídia como se fosse contratado do Barcelona. Caiu em desgraça apesar de apresentar promissores resultados em sua gestão. Ressabiado com os antigos aliados, pediu para ser substituído, e saiu de campo. Foi para o vestiário aguardar os novos tempos que já vislumbra no final do túnel. Sabe que voltará aos gramados da política revigorado e com tempo para começar de novo.
O camisa 10, Pedro Simon, se esgotou na prorrogação da sua vida pública e entregou a camisa da longa disputa por um país ético e democrático. Não indicou ninguém para substituí-lo, mas sai criticando os demais jogadores que, segundo ele, não ajudaram em nada a melhorar a equipe. Vai participar de jornadas por outros campos, pregando o que sempre acreditou: vale a pena ser honesto! Simon, se morrer um dia, já garantiu o seu lugar no Céu.
Os mais velhos que estão saindo da disputa não devem esquecer o avanço da medicina que garante velhice saudável e longa, como foi a vida do arquiteto Oscar Niemeyer, que só parou de trabalhar para entrar na eternidade. A senectude não impede a atuação intelectual e o aconselhamento aos que estão iniciando a caminhada.
Brasília, que se tornou ninho de serpentes, também tem jogadores saindo pelas laterais. São idosos desgastados pelo tempo e por ações reprováveis; imaginaram que nada mudaria e ficariam no poder para sempre. Não ficaram e, os poucos seguidores que sobraram em suas fileiras, aprenderam as artimanhas da política, mas, abusados, se descuidaram e foram pegos com as mãos na botija. As imagens e sons divulgados à saciedade estarão de volta no período eleitoral como se fossem novelas da sessão da tarde. O que os olhos vêem o coração sente.
As seleções de futebol mostram que um só excelente jogador pode mudar o rumo da partida, mas também ensina que uma equipe bem preparada e unida leva o time à vitória.
Nos estádios, como nas urnas, é a emoção que exige a mudança. As disputas serão duras e, sem dúvidas, surgirão Luizitos Suárez mordendo adversários a ponto de a FIFA e o TSE determinarem o uso de focinheiras nos estádios e nas eleições.
Paulo Castelo Branco
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