De volta para casa - Ponto de Vista
Vale recordar que Sarney entrou na política aos 23 anos de idade e exerceu importantes cargos na República, inclusive a presidência herdada de Tancredo Neves. Como presidente, o hoje senador, apesar das agressões de opositores, travestidos de aliados, conseguiu com sua habilidade de conciliador e conhecedor dos bastidores dos governos militares, somar esforços na consolidação do regime democrático. Não há político que não reconheça a influência de Sarney em grandes momentos e decisões políticas do Brasil. Ele, centroavante de antigamente, ficará na história como goleador e perdedor de pênaltis, como soí acontecer com qualquer craque.
Outro jogador acostumado a duras pelejas, também desistiu de competir nas próximas eleições; Sérgio Cabral, filho do homônimo compositor e boa praça. Cabral, o ex-governador, agindo como craque de batuque, caiu na farra em plagas distantes, descuidando-se nas imagens feitas por seus companheiros, e saiu na mídia como se fosse contratado do Barcelona. Caiu em desgraça apesar de apresentar promissores resultados em sua gestão. Ressabiado com os antigos aliados, pediu para ser substituído, e saiu de campo. Foi para o vestiário aguardar os novos tempos que já vislumbra no final do túnel. Sabe que voltará aos gramados da política revigorado e com tempo para começar de novo.
O camisa 10, Pedro Simon, se esgotou na prorrogação da sua vida pública e entregou a camisa da longa disputa por um país ético e democrático. Não indicou ninguém para substituí-lo, mas sai criticando os demais jogadores que, segundo ele, não ajudaram em nada a melhorar a equipe. Vai participar de jornadas por outros campos, pregando o que sempre acreditou: vale a pena ser honesto! Simon, se morrer um dia, já garantiu o seu lugar no Céu.
Os mais velhos que estão saindo da disputa não devem esquecer o avanço da medicina que garante velhice saudável e longa, como foi a vida do arquiteto Oscar Niemeyer, que só parou de trabalhar para entrar na eternidade. A senectude não impede a atuação intelectual e o aconselhamento aos que estão iniciando a caminhada.
Brasília, que se tornou ninho de serpentes, também tem jogadores saindo pelas laterais. São idosos desgastados pelo tempo e por ações reprováveis; imaginaram que nada mudaria e ficariam no poder para sempre. Não ficaram e, os poucos seguidores que sobraram em suas fileiras, aprenderam as artimanhas da política, mas, abusados, se descuidaram e foram pegos com as mãos na botija. As imagens e sons divulgados à saciedade estarão de volta no período eleitoral como se fossem novelas da sessão da tarde. O que os olhos vêem o coração sente.
As seleções de futebol mostram que um só excelente jogador pode mudar o rumo da partida, mas também ensina que uma equipe bem preparada e unida leva o time à vitória.
Nos estádios, como nas urnas, é a emoção que exige a mudança. As disputas serão duras e, sem dúvidas, surgirão Luizitos Suárez mordendo adversários a ponto de a FIFA e o TSE determinarem o uso de focinheiras nos estádios e nas eleições.
Paulo Castelo Branco www.blogpaulocastelobranco.com.br