
Se assistir a um jogo da Copa ao lado de compatriotas já deixa muitos com o coração na mão, ver o Brasil perder de lavada para a Alemanha, como foi no jogo da semifinal da Copa do Mundo, no dia 8, de 7 a 1, ao lado de adversários e longe de casa, exige muito jogo de cintura.
“É meio estranho ver o jogo em um lugar em que nem todos torcem para o Brasil, mas também foi legal ter a oportunidade de ver tantas pessoas de tantos lugares torcendo por seus países. Deu para ver que o Brasil não é o único ‘país do futebol’”, relatou Bárbara Duarte, que vive em Hollywood e é casada com um peruano, que torceu para o Brasil junto com ela.
A brasileira Magna Ferreira vive na Alemanha desde 2008 e é casada com um alemão. Com um filho pequeno, os dois assistiram o jogo em casa, em Munique. “Foi engraçado, pois cada um torcia para um time”, relata. “Minha sensação no primeiro gol foi de indignação. No segundo, fiquei muito triste e disse que tínhamos perdido. Mas meu marido me incentivou, dizendo que ainda dava tempo de recuperar. Daí, no terceiro gol, já comecei a apostar em 5 a 0 para a Alemanha”.
Magna conta que só se ouvia a comemoração e gritos dos alemães nas ruas, mas somente até o quarto ou quinto gol. “Acho que eles ficaram atônitos também”.
Mas não foi assim que se comportou seu marido. “Depois do quinto gol, meu marido continuou torcendo para a Alemanha e daí eu disse: “ah, vocês já ganharam, agora por favor, me respeite’”, lembra ela, rindo.
Connie Rocha trabalha em uma empresa em Coral Gables com funcionários de toda a América Latina. “Foi difícil assistir ao vexame da Seleção Brasileira, entre tantos colombianos, argentinos, venezuelanos, e outros”, conta ela, que precisou colocar um fone de ouvido para se concentrar no trabalho. “Acho que todos temos o direito de torcer, mas alguns ‘colegas’ de trabalho não respeitaram o momento difícil do Brasil e gritavam de alegria durante o massacre da Alemanha contra a Seleção Brasileira”.
Bárbara disse que, para ela, o mais difícil foi ver como alguns países ficaram com ódio. “Eu sempre pensei que o Brasil fosse um país que o mundo adorasse ver jogar e torcesse a favor, mas pela minha experiência, a maioria das pessoas que eu conheço, de outras nacionalidades, torceu contra o Brasil”, disse Bárbara, referindo-se à festa dos colombianos nas redes sociais.
Para Janinha Piazzetta, que assistiu a todos os jogos em bares com pessoas de várias nacionalidades, o clima de festa e respeito superou a dor. “A Copa do Mundo é uma forma de todos se aproximarem e se confraternizarem”, avalia. “No jogo do Brasil contra a Alemanha, havia pessoas de várias nacionalidades, incluindo colombianos que ficaram insatisfeitos com o resultado do jogo do dia 4 de julho, mas no final, sempre há respeito e festa”.