Decisão da Corte Suprema abre precedente contra indocumentados.

Por Gazeta Admininstrator

Apesar de ter passado praticamente toda a vida adulta nos EUA, casado com uma norte-americana, e tido um filho, o imigrante foi obrigado a voltar para seu país de origem.

A Corte Suprema decidiu, na semana passada, deportar um mexicano que viveu durante mais de 20 anos nos Estados Unidos e negar-lhe qualquer direito de pedir residência legal ou de recorrer nos tribunais, fato considerado um precedente negativo para os imigrantes ilegais que se encontram na mesma situação.

Em uma votação por oito votos a um, os magistrados decidiram que Humberto Fernández-Vargas, deportado diversas vezes entre os anos 70 e 80, deve submeter-se a lei aprovada em 1996 pelo Congresso, que define a aceleração do processo legal de expulsão de estrangeiros que tenham sido repatriados ao menos uma vez e regressado ao país.

Após sua última deportação, em 81, Fernández-Vargas voltou aos EUA, teve um filho, abriu uma empresa de caminhões no país e, finalmente, casou-se com uma cidadã norte-americana, que vinha sendo sua companheira durante os últimos cinco anos.

No entanto, quando solicitou a regularização de sua situação migratória, após seu casamento em 2001, o Congresso havia aprovado uma lei (Illegal Immigration and Immigrant Responsibility Act) que revogava o dieito de apelação a um juíz de imigração diante de uma ordem de deportação.

Fernández-Vargas foi deportado novamente ao México e queria retornar aos EUA para viver com a família. Mas, após mais de três décadas, sua história terminou no mesmo ponto onde começou: no México.

Agora, a menos que receba um perdão do governo norte-americano, Fernandez-Vargas terá que esperar, pelo menos, 20 anos para retornar a Utah e voltar a viver com a mulher e o filho. “Isso é terrível.

Estou completamente destruída. Estou em pedaços. Isso me tirou a vida. Tudo o que quero é ter minha família junta de novo”, disse em lágrimas Rita Fernández- Vargas, esposa de Humberto.

A decisão foi considerada “cruel” peloa professora de direito da Universidade do Texas, Barbara Hines. “Infelizmente, esse caso demonstra a crueldade das leis de imigração. A decisão vai afetar muitos trabalhadores imigrantes e, desnecessariamente, separar famílias”, avaliou Hines.

O departamento de Justiça não tem uma estimativa de quantos imigrantes podem ser afetados pela decisão. A porta-voz do Departamento, em Washington, D.C., Kathleen Blomquist, disse que o Departamento está “satisfeito”com a decisão.