Decisão sobre relatório sai dia 20

Por Gazeta Admininstrator

O jogo ligado ao crime organizado foi o mote inicial da investigação da CPI dos Bingos, mas no período de um ano as investigações avançaram outras frentes que acabaram em um relatório final de 1,4 mil páginas em que o relator, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), sugere ao Ministério Público o indiciamento de 79 pessoas e quatro empresas. Nesse total estão somados os que apareceram no documento parcial que tratava exclusivamente do caso GTech. O relatório será votado em 20 de junho.

Ex-membros do atual governo e de prefeituras já regidas pelo PT são destaque na lista, que aponta os casos da máfia do lixo, em Ribeirão Preto (SP), na gestão do então prefeito Antonio Palocci; do assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, e do ex-prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT; do financiamento de campanhas políticas, também citando o caso dos dólares de Cuba; e da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), quando presidida por Waldomiro Diniz.

Ex-ministro da Fazenda, Palocci não foi poupado e é responsabilizado no relatório pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, peculato, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa.

O documento atesta que ficou comprovada fraude na varrição de Ribeirão Preto na gestão Palocci, quando, segundo o advogado Buratti – que chegou a ser secretário de governo no município –, a empresa Leão Leão pagou propina mensal para o PT e, com isso, recebia tratamento diferenciado.

O dinheiro era encaminhado, em parte, aos responsáveis pela prefeitura municipal e depois seria repassado para o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, por intermédio de Delúbio Soares, com autorização do prefeito [Antonio Palocci e Gilberto Maggioni, que assumiu com a saída daquele para a campanha de Lula em 2002] – aponta o relatório.

No caso Celso Daniel, a convicção do relator é a de que o prefeito de Santo André teria sido assassinado por ter descoberto e se oposto ao "caixa três" – organizado por Sérgio Gomes da Silva, Klinger de Oliveira Souza e Ronan Maria Pinto –, que desviava dinheiro do caixa dois voltado para a campanha política.

O Ministério Público de São Paulo encontrou elo entre o que seria o esquema de corrupção na prefeitura de Santo André e João Arcanjo Ribeiro, o Comendador, chefe do crime organizado em Mato Grosso, registra o documento.

O presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, está na lista dos indiciáveis, acusado de promover lavagem de dinheiro e crime contra a ordem tributária. Ele aparece relacionado ao financiamento irregular de campanha e, conforme o relatório, não conseguiu comprovar que seria realmente seu o dinheiro que quitou dívida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PT.

– O problema é que tais pagamentos nunca foram devidamente comprovados, dando margem à suspeita de que o dinheiro seja oriundo do esquema de caixa dois que abastecia a tesouraria petista – ponderou o relator, que lembrou ainda que foi tentada a quebra de sigilos de Okamotto, "lamentavelmente" não autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.

O relatório, quando aprovado, deverá ser encaminhado com seus anexos para o Ministério Público Federal, para que promova as ações penais e civis competentes. "O que não pôde ser investigado, o será pelo Ministério Público, que poderá promover os indiciamentos sugeridos", afirmou o relator.

Agência Senado