Defesa de Vionaldo e de Christiano diz que falha foi de funcionários

Por Gazeta Admininstrator

Por: Letícia Kfuri.

O advogado Andrew Ittleman atribuiu a uma falha do auditor interno da empresa Vionaldo Express, irregularidades detectadas na empresa pela Divisão de Fraudes de Seguros do Departamento de Serviços Financeiros da Flórida (DFS), que levaram à prisão dos proprietários da empresa, Vio-naldo Glória e seu filho Christiano Glória. Vionaldo, que responde à acusação de crime de lavagem de dinheiro, já foi liberado sob pagamento de fiança de $250 mil. Christiano permanece preso e tem contra ele mais de 110 acusações criminais - entre elas racketeering violation (violação fede-ral de conspiração para organização com fins de cometer crime) - derivadas de seu alegado apoio a fraude de indenizações trabalhistas na indústria da construção civil, conforme denúncia encaminhada ao escritório do Procurador Geral Bill MC Collum.

Segundo o advogado, uma das falhas consistia na ausência de licença federal para operações de remessa de dinheiro, embora a empresa tivesse licença estadual. Ele atribui também a falhas de pessoal o que (DFS) qualificou como “relatórios fraudulentos de transações de dinheiro”.

De acordo com a chefe do Escritório Financeiro da Flórida, Alex Sink, foram enviados ao Internal Revenue Service (IRS) relatórios fraudulentos, informando que a pessoa que recebeu dinheiro de empresas de “fachada”, criadas para viabilizar um esquema de fraudes de indenizações trabalhistas, foi Dero William Vieira, no Brasil. O advogado nega que Christiano Glória conhecesse tal pessoa. Nega, também, que Christiano tenha recebido entre 7% e 10% de comissão para descontar cheques envolvendo o esquema de fraudes, e distribuído os valores para Dero Vieira, conforme detectaram as investigações da DFS.

Leia a seguir a entrevista concedida pelo advogado à reportagem do Gazeta:

Gazeta News- O Sr. Vionaldos é inocente? Por favor, explique por que?
Andrew Ittleman- Vionaldo Glória é, de fato, inocente. O governo alega que ele ope-rava um negócio de transmissão de dinheiro por um breve período, há quase cinco anos, sabendo que o negócio não tinha registro no governo federal, embora o negócio fosse licenciado pela estado da Flórida. Durante o tempo no qual o governo afirma que Vionaldo Glória operava este alegado negócio não-licenciado de transmissão de dinheiro, Vio-naldo Glória tinha em seu quadro de pessoal uma gama de profissionais nos quais ele, Vionaldo, acreditava serem, razoavelmente, familiares com as leis que regulam tais negócios o que asseguraria que a empresa estava, de fato, cumprindo com as exigências da legislação. O fato de que tais profissionais, deliberadamente, ou por engano, falharam em cumprir seu trabalho, não leva à responsabilidade criminal por parte de Vionaldo Glória.

GN - Qual foi, do seu ponto de vista, o erro de seu cliente?
AI - Não creio que Vionaldo Glória tenha cometido qualquer erro. Como qualquer homem de negócios responsável faria, Vionaldo Glória contratou profissionais para assegurar que ele cumpria com a lei. Tais profissionais – não Vionaldo Glória – não fizeram seu trabalho.

GN- Os clientes da empresa Vionaldo Express também estão sujeitos a investigação federal?
AI - Eu não sei.

GN- O Sr. Vionaldo tinha conhecimento dos relatórios alegadamente fraudulentos de transações em moeda, enviados para o Internal Revenue Service (IRS), pelo Sr. Christinao Glória, conforme informado pela Divisão de Fraude em Seguros (Division of Insurance Fraud – DFS)?
AI - Não, e não acredito que tais relató-rios fossem fraudulentos.

GN- O Sr. Vionaldo Glória sabia que empresas tais como a WM South Floria eram empresas de “fachada”?
AI - Não, e o Sr. Vionaldo não está sendo acusado de ter conhecimento disso.

GN - O Sr. Vionaldo tinha conhecimento da fraude envolvendo indenizações por acidentes de trabalho, investigada pelo DFS?
AI - Não, e o Sr. Vionaldo não está sendo acusado de ter conhecimento de tal fraude.

GN - O que o Sr. Christiano sabia sobre os relatórios de transações em moeda enviados ao IRS, WM South Florida e sobre o esquema de indenizações por acidente de trabalho?
AI - O Sr. Christiano Glória não sabia nada sobre o esquema de indenizações por acidente de trabalho. A fraude do Sr. Vieira no estado da Flórida foi extremamente elabo-rada e muito bem oculta, e foi cometida inteiramente fora do alcalce do Dr. Christiano. Para realização dos relatórios de transações em moeda, a Vionaldo Express tinha, em todos os casos relevantes para o caso, em seu quadro, um agente de compliance (espécie de auditor interno), no qual Christiano Glória e Vionaldo Glória razoavelmente acreditavam ser competente e estar zelando pelos interes-ses da empresa. Só foi descoberto, no final de 2005, que tal auditor tinha, intencionalmente, falhado em preencher formulários de transações em moeda. Tão logo o problema foi descoberto, Christiano Glória – sob orien-tação do estado da Flórida – tentou corrigir o problema.

GN - O Sr. Christiano conhece o Sr. Dero William Vieira?
AI - Não.

GN - O Sr. Christiano retinha entre sete e dez por cento para o desconto de cheques envolvendo o esquema e os distribuía ao Sr. Vieira e outros, conforme informado pela Divisão de Fraudes em Seguros?
AI - Não.

GN - O Sr. espera que o Sr. Christiano tenha valor de fiança fixado pela justiça? Quando?
AI - Sim, em breve.

GN - Qual é agora a situação legal da empresa Vionaldo Express?
AI - A empresa está operando, e o faz de forma legal.