Deixe os turistas brasileiros entrarem

Por Gazeta Admininstrator

Os turistas brasileiros gastam mais per capita do que qualquer outra nacionalidade nos Estados Unidos, de acordo com uma matéria publicada na revista Time, no dia 3 de junho. Em todo o mundo, turistas brasileiros desembolsam uma média de 43,3 milhões de dólares por dia, deixando 1.4 milhões somente no mês de abril, até 83% a mais que no mesmo período do ano passado, segundo o Banco Central.

Em 2010, 1,2 milhões de brasileiros visitaram os Estados Unidos, injetando 5,9 bilhões dólares na economia dos EUA, disse a Time. Mesmo exclusivos resorts de esqui em Vermont estão se esforçando para contratar instrutores que falem português para atender a inesperada e crescente demanda de milhares de brasileiros aventureiros na região. “O Brasil é o nosso crescente mercado internacional - até 20% da última temporada”, diz Chris Belanger do Stowe Mountain Resort.

Somente quatro consulados para atender a demanda

Mas isso não quer dizer que os Estados Unidos se tornaram particularmente mais fácil para turistas brasileiros visitarem o país. Muito pelo contrário: ao invés de estender o tapete vermelho para os viajantes provenientes de nações cada vez mais ricas da América do Sul, os EUA fazem brasileiros - e todas as nacionalidades latino-americano - se submeterem a um longo e dispendioso processo de pedido de visto, que leva meses de planejamento, podendo custar milhares de dólares em viagens, hospedagem, alimentação e outras despesas - tudo antes de sair do país.

Em todo o Brasil, os EUA têm apenas quatro postos consulares: em Brasília, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Isso significa que uma família que vive em Porto Alegre teria de gastar centenas de dólares em passagens aéreas nacionais para fazer uma viagem para São Paulo, gastando com hotel, alimentação e táxi, só para conseguir uma entrevista de solicitação de visto, que custa $ 140 dólares cada. Isso antes da viagem começar.

Enquanto o Departamento de Estado afirma que o tempo médio de espera internacional para uma entrevista para o visto é de 30 dias, no Brasil ela pode chegar a até 141 dias, de acordo com Steve Joyce da Travel Association EUA. Isso não é devido à preguiça burocrática. Os funcionários sobrecarregados consulares de São Paulo processam uma média de 2.300 vistos por dia, mais que qualquer outro consulado dos EUA no mundo. E espera-se que seu nível de produção dobre no próximo ano para que os EUA não fiquem ainda mais para trás.

O Brasil representa a maior demanda de vistos americanos de não imigrantes no mundo, e creseu até 234% nos últimos cinco anos, superando mesmo o aumento da China de 124% nas emissões de vistos dos EUA, de acordo com o Departamento de Estado.

Lista de isenção de vistos

Funcionários da indústria turística dizem que o Brasil deve estar na lista dos países cujos cidadãos não precisam de visto para entrar nos EUA. Existem atualmente 36 países na lista de isenção de vistos de Washington, mas nenhum deles é da América Latina. Alguns argumentam que isso está dificultando o crescimento econômico e a competitividade global dos Estados Unidos. Por exemplo, o turismo chileno nos Estados Unidos caiu mais de 30% a 10 anos atrás, enquanto globalmente o número de chilenos que viajam para outros países aumentou até 50%. Martha Pantin, diretora de comunicação da American Airlines, observa que muitos viajantes latino-americanos começaram a escolher outros destinos uma vez que os EUA dificultaram a emissão de vistos depois do 11 de setembro. Ela diz que American Airlines “apoia fortemente” o estatuto de isenção de visto para a Argentina, Brasil e Chile e está “esperançosa de que isto ocorrerá no futuro muito próximo.”

De fato, os obstáculos são vistos pelo projeto de $200 milhões de dólares da Corporation for Travel Promotion, uma parceria público-privada criada por uma lei do Congresso em 2010. Embora grande parte da campanha tenha como alvo os mercados tradicionais no Canadá e na Europa - países onde as pessoas não precisam de visto para viajar para os EUA, haverá também um novo foco em mercados emergentes latino-americanos que já estão desempenhando um papel importante na recuperação da indústria do turismo do país.

O alvo mais lucrativo é o Brasil, maior economia da América Latina. No passado, a maioria dos brasileiros costumava vir para os Estados Unidos à procura de trabalho, e agora eles vêm gastar o dinheiro e criar empregos, ajudando tremendamente a indústria americana. O mercado do turismo norte-americano recuperou-se lentamente desde 11 de setembro, mas perdeu muito em uma década de crescimento, de acordo com Roger Dow, presidente da U.S. Travel Association. “Nós chamamos de década perdida. Se tivéssemos continuado no mesmo ritmo com o resto do mundo, nós teríamos gerado $606,000 milhões dólares a mais e teríamos mais 467 mil postos de trabalho agora”, disse Dow.

A boa notícia, diz ele, é que o problema ainda é corrigível, e tem algumas soluções de baixo custo. Apenas com o alargamento do programa de isenção de vistos para o Brasil e Chile, diz ele, os Estados Unidos poderiam dobrar visitas desses países dentro de um ano e rapidamente geraria $10,3 bilhões em receitas de turismo, criando 95.100 novos postos de trabalho americanos. Dow insiste que as reformas na isenção de visto para “viajantes de confiança” não comprometeriam a segurança nacional dos EUA, e iriam deixar a Homeland Security se concentrar mais na busca de bandidos, em vez de perseguir os bons. “Se você trata cada viajante como um terrorista, o trabalho fica muito difícil”, afirmou Dow.

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