Democratas pedem investigação de centro de detenção para imigrantes em Pompano Beach

Por Gazeta News

John Morton recebeu uma carta pedindo revisão individual de “caso a caso” dos detidos no Broward Transitional Center, em Pompano Beach.

Um grupo de membros democratas do Congresso pede que o Immigration and Customs Enforcement (ICE) investigue casos que ocorreram dentro de um centro de detenção para indocumentados em Pompano Beach, após reclamações de indocumentados detidos por delitos menores, que mereciam liberação, e falta de cuidados médicos. As informações são do “McClatchy Newspapers”.

Uma interna teria sido devolvida para sua cela no mesmo dia em que ela fez uma cirurgia emergencial de ovário, de acordo com as alegações dos democratas.

“Esta não é apenas uma questão de imigração, é uma questão de direitos humanos”, disse o deputado Ted Deutch, democrata da Flórida, que está liderando o esforço.

Vinte e seis membros da Câmara dos Deputados assinaram a carta de Deutch, enviada ao diretor do ICE, John Morton, pedindo uma revisão individual de “caso a caso” dos detidos no Broward Transitional Center, em Pompano Beach.

A carta, pelo menos em partes, foi gerada após vários ativistas indocumentados do National Immigrant Youth Alliance forjarem sua própria prisão para que pudessem entrar no estabelecimento e documentar casos. Deutch disse que os parlamentares receberam denúncias de grupos, como a National Immigrant Youth Alliance (NIYA), que veio com documentação significativa para justificar uma investigação.

O Broward Transitional Center é um centro de detenção civil de segurança mínima que tem capacidade para 700 pessoas que enfrentam casos criminais de menor importância. O centro é de propriedade do Grupo GEO Inc., uma empresa da Flórida especializada em serviços de tratamento penitenciário e residenciais.

O ICE confirmou o recebimento da carta datada de 13 de setembro e disse que as autoridades vão responder diretamente aos autores da mesma. O porta-voz do ICE, Nestor Yglesias, disse que a agência não poderia comentar sobre casos específicos, mas está analisando as alegações sobre a mulher que supostamente teve a cirurgia de ovário de emergência.

Funcionários do Grupo GEO disseram que o centro sempre ofereceu um serviço de

qualidade em um ambiente seguro e protegido sob a supervisão do ICE e atende aos padrões estabelecidos pela Associação Correcional Americana e outras agências nacionais de acreditação.

“É importante ressaltar que o GEO não tem qualquer envolvimento nas decisões relativas ao tempo de permanência no Centro de Transição de Broward”, disse a empresa em um comunicado.

No ano passado, o governo Obama emitiu uma diretiva, conhecida como o memorando de Morton, afirmando que o ICE deve considerar vários critérios, incluindo se os detentos em situação irregular estão nos Estados Unidos desde a infância ou se foram presos por delitos menores, o que pode amenizar seu período de detenção, ao se tornarem de menor prioridade para a deportação.

A diretiva foi alvo de extensas críticas. Nesse verão, a American Immigration Lawyers Association chamou a iniciativa de um fracasso, porque apenas uma fração das centenas de milhares de casos analisados teve qualquer tipo de alívio.

Ativistas forjam prisão Tentando realçar ainda mais o problema, vários ativistas indocumentados forjaram a própria detenção, em agosto, para que fossem levados para o Broward Transitional Center e entrevistassem os detidos. Uma das ativistas, de 25 anos de idade, Viridiana Martinez, da NIYA, disse que encontrou dezenas de pessoas que são elegíveis para a liberação no âmbito das decisões de Obama, incluindo alguns presos por infrações de trânsito, mas que permanecem no centro de detenção há meses.

“Com base no memorando Morton, são pessoas que não devem ser deportadas”, disse Martinez. “Eu conheci uma mulher que não estava nem dirigindo. Ela era apenas uma passageira em um carro e foi detida por três meses. Ela não tinha nenhum registro, nada”

Yglesias, o porta-voz do ICE, disse que os militantes da NIYA “não têm nenhuma maneira de saber sobre a história completa desses criminosos que entrevistaram informalmente”.

Ele disse ainda que os exercícios de discrição do ICE são feitos com base de caso a caso, com base em recursos e prioridades do estado, incluindo segurança pública, segurança das fronteiras e da integridade do sistema de imigração dos EUA.

Luis Gutierrez, democrata de Illinois, disse que depois de ouvir casos de baixa prioridade de indivíduos detidos e outros com problemas de saúde que não recebem a atenção adequada, ele assinou a carta, pois é hora de rever a “noção em geral” de prender e deportar casos de baixa prioridade, como os detidos em Broward.

Argentino é libertado após sete meses de detenção Depois de sete meses detido, o argentino Claudio Rojas foi solto de repente do Broward Transitional Center, no início de setembro. Ele ficou detido em diferentes centros de detenção e sua deportação parecia inevitável, pois já havia recebido ordem de deportação no passado. Ele e sua família vivem nos EUA, desde 2000, sem documentos.

Ativistas do NIYA alegam que sua libertação veio depois que seis militantes falaram sobre o seu caso para o senador Bill Nelson, que pediu que a secretária do Homeland Security, Janet Napolitano, revisasse o caso. Rojas foi solto de uma hora para a outra e colocado sob supervisão da Imigração.

O senador, no entanto, nega ter ajudado no caso por causa dos protestos, alegando que sempre que famílias pedem ajuda, é natural que sua equipe faça o que tem ao seu alcance para ajudá-las.