Demorou mais para conseguir o visto do que para criar o Instagram, diz brasileiro

Por Gazeta News

LIANA-BARRIENTOS
[caption id="attachment_85041" align="alignleft" width="300"] Mike Krieger com Kevin Systrom, criadores do Instagram.[/caption]

Quase que o Instagram não aconteceu e o culpado seria o sistema de imigração complicado dos Estados Unidos. Antes de Mike Krieger criar o aplicativo de compartilhamento de fotos popular com o sócio  Kevin Systrom, ele morava no vale do Silício com um visto de trabalho temporário.

Krieger veio do Brasil para os EUA para estudar na Universidade de Stanford com um visto de estudante. Depois de se formar, ele conseguiu um emprego na empresa de software Meebo, que o ajudou no pedido do visto H-1B, cuja temporada de pedidos acontece nos primeiros dias de abril e excede rapidamente o número de vagas disponíveis.

Esta classe de visto temporário é designada para os trabalhadores especializados e a indústria de tecnologia é uma grande cliente. Google, Facebook, Intel e outras gigantes da tecnologia enviam dezenas de milhares de pedidos anualmente, na esperança de garantir a oferta limitada de vistos para programadores de computador estrangeiros e engenheiros.

Logo que Krieger conseguiu o visto, começou a falar com Kevin Systrom sobre a construção de um aplicativo de rede social. Um dos maiores desafios que tiveram não tinha nada a ver com tecnologia. Era a transferência do H1-B do brasileiro para a nova empresa. A espera foi de mais de três meses e Krieger precisou passar horas estudando o sistema de imigração americano. Ele conta que chegou a pensar em desistir.

Em abril de 2010, Krieger finalmente conseguiu o visto permitindo que permanecesse no país e trabalhasse para Systrom. Em poucas semanas, o aplicativo do Instagram para iPhone estava pronto. “Demorou menos para construir o Instagram do que para eu conseguiur o visto”, disse. O aplicativo virou um hit rapidamente e o Facebook topou comprar a empresa por $1 bilhão de dólares em abril de 2012. Alguns meses depois, o Google comprou Meebo, a antiga empresa em que Kieger trabalhava, por aproximadamente um décimo do valor.

A experiência fez com que Krieger virasse um importante aliado dos imigrantes na luta pela reforma do sistema e chegou a falar sobre isso em 2012, quando visitou a Casa Branca. Em 2013, o presidente Obama também mencionou o nome do brasileiro durante um discurso.Recentemente, o multimilionário de 29 anos é residente americano e continua a ser um dos idealizadores técnicos por trás do Facebook Instagram, que tem cerca de 200 funcionários e mais de 300 milhões de usuários.

Hoje, o Facebook é uma das maiores empresas na lista do governo de “empregadores dependentes do H-1B”. Enquanto as empresas de tecnologia querem liberar mais vistos H-1B, outros estão pressionando por restrições, dizendo os trabalhadores estrangeiros tomam os empregos de americanos. “Fazer loteria uma vez por ano não me parece certo”, diz Krieger.