Depois da festa, a realidade: desemprego continua alto nos EUA - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

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As últimas semanas foram uma verdadeira festa para quem esperava, há quase quatro anos, que durante o governo do presidente Barack Obama algo parecido com uma reforma imigratória fosse feito: primeiro, ele suspendeu a deportação de milhões de indocumentados, dando a esses jovens que consideram os EUA como seu país (vide a manchete da revista Time, “Somos americanos, só que não legalmente”). Depois, a notícia de que a Suprema Corte dos EUA bloqueou a maior parte da controversa lei do Arizona, mostrando que em matéria de imigração, quem manda é o governo Federal.

Depois dessas notícias sobre imigração, é natural que a popularidade de Obama tenha aumentado entre os hispânicos. Porém, nem tanto, conforme matéria na página 29.

Tanto Obama quando Mitt Romney já perceberam - o que é sempre muito bom para os imigrantes - que os hispânicos, para o desespero dos candidatos, não formam um grupo homogêneo. Há hispânicos republicanos e democratas com seus interesses e intenções de voto diferentes. Obama já tem trabalhado em cima dessas peculiaridades, mas Romney parece ter um longo chão na conquista desse grupo – e seus “subgrupos”.

O que pode ser mais importante tanto para os que vivem esperando por uma reforma na imigração quanto para os cidadãos? Empregos, sem dúvida, o motor da imigração. Sem empregos, os imigrantes vão embora, e é isso que temos visto desde 2008, na comunidade brasileira.

Agora, lá vêm as bombas dos números pessimistas. O crescimento econômico está devagar para acabar com um nível de desemprego nacional de 8.2%, isso sem falar com o de 11.5% entre hispânicos, mais afetados pela crise devido à queda na indústria da construção civil (veja a matéria na página 18).

Sabemos que, assim como os hispânicos, um grande número de brasileiros foi afetado também pela queda nessa indústria. Ao mesmo tempo, os números sobre a recuperação econômica ainda são muito sensíveis, e muitos têm visto luz no fim do túnel.

Publicamos recentemente que o sul da Flórida é a região que mais tem pequenas empresas de propriedades de estrangeiros criando empregos. Arrisco-me a afirmar que isso e outros dados recentes, demonstram que está crescendo o espaço para trabalhadores especializados e outros tipos de imigrantes, que vêm investir no país. Isso é algo que também vemos constantemente na comunidade brasileira: os brasileiros no “boom imobiliário” de Miami, turistas brasileiros vindo às compras, e os imigrantes brasileiros que vêm para investir e estudar. Os que ficaram e aqui sobreviveram, tiveram que “se virar”. E todos têm uma história para contar.

Nesta edição, uma matéria sobre as brasileiras empreendedoras criando seu próprio negócio, na página 37, poderá “adoçar” um pouco essas estatísticas.