Depois de anos morando na Flórida, brasileira vive primeiro furacão em Nova York

Por Marisa Arruda Barbosa

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A tempestade Sandy, que chegou a furacão de categoria 2 e baixou para 1, tocou o solo de Nova Jersey, no dia 29, classificado com um “superstorm”, com ventos sustentados de até 80 milhas por hora, provocando cortes de energia em pelo menos seis milhões de residências e comércios desde o a Carolina do Sul até Ohio. Até o fechamento desta edição, 43 pessoas haviam morrido nos Estados Unidos, além das mortes causadas no Canadá e dos mais de 60 que morreram em sua passagem pelo Caribe. Até mesmo a campanha presidencial foi colocada em espera, a exatos sete dias da eleição.

Nova York foi uma das cidades mais atingidas pela passagem de Sandy. O coração financeiro da cidade, localizado no sul da ilha de Manhattan, foi tomado pela água. Em construção, a área do novo World Trade Center foi inundada. De acordo com o presidente da Metropolitan Transport Autority, Joseph Lhota, a tempestade provocou os piores danos ao sistema de metrô da cidade desde a sua inauguração, há 108 anos.

Manoeli Cenci já viveu em Deerfield Beach por anos e mudou-se para Nova York há um ano e meio. “Morei na Flórida por anos, mas nunca estive aí quando passaram os furacões”, conta ela. “Este foi o meu primeiro furacão, que na verdade, depois foi ‘desqualificado’ e passou a ser um ‘superstorm’. Mesmo assim, pensei que seria forte e que destruiria muito, pois Nova York não tem estrutura para aguentar furacões. Aqui, ninguém coloca proteção nas janelas”.

Manoeli disse que ela e seu noivo se prepararam, comprando comida, bateria para lanterna, fazendo um estoque de água e se trancaram no 23º andar do prédio em que vivem em uma área chamada Dumbo, no Brooklin. Seu prédio não exigiu que moradores evacuassem, ao contrário de outros prédios em sua rua.

“Estava tudo tranquilo até as 6 da noite de segunda-feira, quando eu consegui sentir a força do vento”, conta Manoeli. “Não tirei os olhos da janela, pois queria saber o que acontecia lá fora. Aqui, ninguém ficou sem energia ou água”.

Mesmo sabendo que seu prédio foi construído para aguentar furacões de categoria 4, Manoeli conta que ficou tensa quando o prédio balançava e fazia ruídos.

Pela janela, ela via gente caminhado com cachorro em pleno furacão, curiosos observando o rio subir e andando de bicicleta.

No dia seguinte, ela saiu para ver os estragos de Sandy em Manhattan. “Há muitas folhas no chão, lixo e pedaços de madeira. As pessoas estão limpando as calçadas, arrumando suas casas. Bombeiros e policiais estão ajudando a quem precisa”, conta. “Ainda falta eletricidade e água em muitas partes da cidade. Tenho uma amiga que teve seu porão alagado e perdeu dois carros”.

“Acredito que o pior problema agora será a falta do metrô nessa cidade que não dorme. Não consigo imaginar Nova York sem os metrôs e trens”, disse Manoeli.

Nova York retoma os transportes pouco a pouco Os aeroportos internacionais John F. Kennedy e Newark Liberty reabriram, no dia 31, depois de dois dias fechados, mas ainda com voos limitados, informou a Autoridade Aeroportuária de Nova York e Nova Jersey. Os aeroportos de La Guardia e Teterboro, no entanto, permaneciam fechados até o fechamento desta edição.

O metrô de Nova York também continua parado, com quilômetros de vias subterrâneas ainda inundadas, o que impede a retomada da rede, utilizada diariamente por 5,3 milhões de passageiros.

Toneladas de água salgada invadiram a cidade quando o nível do mar subiu abruptamente devido ao furacão Sandy, fazendo com que túneis e vias permaneçam inundados ou sob escombros. Antes de o serviço ser retomado, será necessário bombear toda a água e retirar todo o lixo que chegou à rede subterrânea. Os ônibus da cidade já voltaram a funcionar.

*Com colaboração