Deportação de brasileiros cai 45% em 5 anos

Por Gazeta News

Marisa Arruda Barbosa

Embora o número de deportações nos Estados Unidos tenha praticamente dobrado nos últimos dez anos, atingindo quase 800 mil nos últimos dois anos, o número de brasileiros deportados caiu de 7.097 em 2005 para 3.190 em 2010, representando uma queda de 45%, de acordo com dados do US Department of Homeland Security (DHS).

Já o número de nacionais da Guatemala deportados aumentou de 14.522 para 29.378, enquanto de remoções de imigrantes provenientes de El Salvador também aumentou de 8.305 para 19.809. Já o número de deportações de colombianos seguiu estável, de 2.596 em 2005 para 2.267 em 2010.

Ou seja, enquanto os números de deportações aumentam em todo o país, o número de brasileiros deportados tem diminuído consideravelmente. Isso vem de acordo com números recentemente divulgados pelo Gazeta, revelando também um aumento considerável de naturalizações concedidas a brasileiros nos EUA: as naturalizações saltaram de 4.583 em 2005 para 8.867 em 2010.

Tais números são peculiares em um momento de crescentes críticas ao governo de Barack Obama, que tem atingido recordes em deportações.

A advogada Melissa da Cunha, em cinco anos de prática com imigração na Flórida, tem visto realmente o número de brasileiros tentando firmar laços no país aumentar. “Antes, brasileiros se contentavam com a residência, mas agora estão buscando cidadania com mais frequência, também por busca de segurança”, disse Cunha.

Cunha afirma que em comparação com outras nacionalidades, muitos brasileiros colocados em processo de deportação não encontram um “relieve” (uma brecha na lei) que os retire da deportação. Isso porque têm poucos laços com o país, se comparados com outros estrangeiros. No caso da Colômbia, por exemplo, Cunha explica que há mais possibilidade de pedido de asilo político. [caption id="attachment_17072" align="alignright" width="300" caption="A advogada Melissa da Cunha diz que os brasileiros estão “firmando laços nos EUA”. "][/caption]

“Agora quanto mais os brasileiros tornarem-se cidadãos, mais terão laços que possam evitar deportação de pessoas relacionadas a eles”, disse Cunha.

Filha não sabe que pai está em processo de deportação

Ao contrário do que o Gazeta publicou, o brasileiro preso pelo ICE não tem um filho, mas uma filha, de sete anos, que por sinal é seu maior motivo de orgulho. A menina é campeã nacional de Tae-kwon-do, e recebeu duas medalhas de ouro no último campeonato do Texas. Ela veio para os Estados Unidos ainda bebê com o pai para os Estados Unidos e não sabe o que é viver no Brasil. “Ela nem sabe o que está acontecendo”, disse a pessoa por telefone ao Gazeta. “Mas é o motivo maior pelo qual seu pai quer lutar para permanecer no país: melhores oportunidades de educação e manter a família unida”.A corte foi marcada antes mesmo que ele arrumasse um advogado. O advogado que contratou disse que há poucas chances de retirá-lo do processo de deportação, pois ele não se enquadra nem na lei dos 10 anos nem tem filhos nascidos nos Estados Unidos. “Parece que o fizeram assinar uns papéis de deportação voluntária, mas ele assinou que não consentia em uma linha, por isso o advogado acredita que poderá tentar reverter o caso”.“Mesmo com poucas chances, esperamos por um milagre. Ele ouviu um caso na prisão de uma pessoa que entrou pelo México e conseguiu sair sob pagamento de fiança, por isso o negócio é rezar e tentar comover o juiz”.