Deportação preocupa jovens jogadores nos EUA

Por Gazeta News

Soccer Without Borders Baltimore
[caption id="attachment_157867" align="alignleft" width="399"] Jovens do programa Soccer Without Borders, em Baltimore.[/caption]

Com as atuais mudanças na política de imigração, o medo da prisão ou da deportação tem assombrado também adolescentes e jovens imigrantes que estão nos Estados Unidos de forma ilegal e buscam no esporte, especialmente no futebol, um meio de refúgio e um sonho profissional na América.

"Observamos uma tendência de muita ansiedade ou medo entre esses jovens", disse Casey Thomas, diretora do Soccer Without Borders, em Baltimore, uma organização internacional sem fins lucrativos que ajuda imigrantes e refugiados a se adaptarem nos Estados Unidos através do esporte.

O programa tem 350 participantes - meninos e meninas, a maioria entre 12 a 17 anos e inclui refugiados da Síria e outros países que passaram períodos prolongados em campos de reassentamento antes de entrarem nos Estados Unidos.

Como algumas famílias são divididas entre membros que estão no país legalmente e ilegalmente, o diretor ressalta que os jovens estão preocupados com uma iminente separação familiar. "Eles estão estressados e muitas vezes treinam preocupados sobre se seus pais, tios ou avós vão estar lá quando chegarem em casa", diz Thomas.

Além da preocupação com familiares, alguns jovens incluídos no programa também foram detidos e deportados, o que aumentou o medo entre os que permaneceram. Lizandro Claros-Saravia, 19 anos, jogador de futebol do ensino médio no condado de Montgomery, foi deportado para El Salvador em agosto. Claros-Saravia havia ganhado uma bolsa para jogar futebol no Louisburg College, na Carolina do Norte. Porém, ele e seu irmão, Diego Claros-Saravia, 22, foram presos em julho pelo que eles acreditavam que seria um check-in de rotina com funcionários da Imigração e Alfândega em Baltimore, segundo seus advogados.

A informação da agência de Immigration and Customs Enforcement (ICE) é de que os irmãos foram pegos em um aeroporto de Nova York em 2009 "tentando usar fraudulentamente um passaporte e um visto guatemalteco sob uma identidade diferente".

Como os jovens não tinham outros registros criminais, foi concedida estadia que lhes permitiu permanecer no país todos esses anos, porém, no último check-in, os oficiais de deportação instruíram os dois a deixarem os Estados Unidos. En 2012, os irmãos não se qualificaram para o Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA), que concede proteção a jovens imigrantes.

A deportação dos jovens provocou medo em outros jogadores indocumentados. "Há uma enorme ansiedade entre os jogadores", disse Thomas. "Agora que isso virou realidade, há uma chance de que eles podem ter o mesmo destino".

Refúgio para indocumentados

A região de Baltimore é muito procurada por imigrantes. As escolas atendem cerca de 1.700 crianças e jovens estudantes nascidos fora do país que frequentam escolas nos EUA há menos de três anos. O valor representa 2,1% da matrícula total de alunos, de acordo com uma análise recente realizada para o sistema escolar. A maioria dos alunos imigrantes em Baltimore é proveniente da América Central. Mais de 1.400 são de Honduras, El Salvador, Guatemala ou República Dominicana. Não há dados disponíveis sobre quantos desses são indocumentados.

Muitos desses jovens imigrantes estão sujeitos a bullying ou isolamento em suas escolas, aponta o programa, que busca dar a esses jovens "a oportunidade de jogar para ter um espaço onde eles podem ser eles mesmos”.

O programa de futebol sem fronteiras recebe financiamento de fundações locais, doadores individuais e outras fontes, e organiza também sessões para ouvir imigrantes locais e aconselhá-los sobre seus direitos e, algumas vezes, até acompanhando os jovens em check-in com autoridades de imigração.

Com informações do The Baltimore Sun.