Deportações diminuem drasticamente com novas medidas de Obama

Apolêmica nova política de imigração projetada para remover criminosos, mas manter as famílias unidas levou a uma queda drástica no número de residentes estrangeiros deportados da Flórida e do resto do país. As informações são do “Washington Bureau”.

A taxa de deportações foi cortada pela metade, na Flórida e em 43% em todo o país durante os últimos cinco meses, em comparação com três anos atrás, de acordo com uma compilação de dados fornecidos pelo US Immigration and Customs Enforcement. A mudança decorre da decisão do presidente Barack Obama de se concentrar na remoção de imigrantes que tenham cometido crimes graves e não-residentes estabelecidos que vivem ou trabalham ilegalmente no país.

Apesar dos números estarem em declínio, defensores dos imigrantes na Flórida dizem que muitos moradores continuam com medo de serem pegos e deportados. Eles citam checkpoints permanentes e batidas realizados por agentes que, segundo os críticos, nem sempre seguem as prioridades do presidente.

A nova política “teve um impacto, mas não é seguido ao pé da letra”, disse Jonathan Fried, diretor executivo da WeCount!, um grupo de direitos dos imigrantes de Homestead. “Agentes de imigração continuam pegando pessoas que não têm antecedentes criminais e não devem ser uma prioridade”.

Os funcionários da imigração dizem que estão seguindo devidamente a política do presidente.

Iniciativas de treinamento incluem cursos on-line obrigatórios para todos os funcionários do ICE. Diretores recebem cartões de referência rápida listando as prioridades de execução, e os líderes do ICE realizaram reuniões com funcionários e líderes comunitários para falar sobre as prioridades.

Mas os sinais de frustração e resistência dentro da imigração já surgiram faz tempo. Dez agentes de imigração entraram com uma ação em 2012, dizendo que as diretivas de Obama têm dificultado suas tentativas de fazer cumprir a lei.

Prioridades A política de Obama coloca a mais alta prioridade na remoção de imigrantes suspeitos de terrorismo ou espionagem, membros de gangues criminosas de rua e criminosos condenados. Depois desses, ficam aqueles que cometem delitos “significativos”, incluindo violência doméstica, abuso sexual, roubo, tráfico de drogas ou dirigir embriagado. Aqueles que “abusam significativamente” de seus vistos também estão listados na segunda divisão.

A mudança de política começou em 2012, quando os líderes latino-americanos e das comunidades imigrantes queixaram-se amargamente sobre a crescente onda de detenções e deportações, algo que dividia famílias. Obama renovou e ampliou a política em novembro, definindo as prioridades ao anunciar as novas regras para proteger 5,2 milhões de pessoas em todo o país, incluindo 253 mil na Flórida, contra a ameaça de deportação.

As regras, que entrarão em vigor quando for resolvida uma disputa em corte federal, poupariam temporariamente os pais de cidadãos americanos ou residentes legais. Além disso, essas regras expandiriam o Deferred Action for childhood Arrivals (DACA).

Um juiz federal no Texas bloqueou as novas regras em fevereiro, criando uma intensa batalha legal no Tribunal de Apelações. Mas, enquanto as regras estão paralisadas, as prioridades de execução de Obama continuam em vigor.

DEPORTAÇÕES A compilação de dados do ICE mostra que as deportações somaram 409.849 no ano fiscal federal que terminou em 30 de setembro de 2012 - uma taxa de 1.123 por dia. Dois anos mais tarde, deportações caíram drasticamente para 315.943, ou 866 por dia.

Na Flórida, as deportações caíram de 12.366, ou 34 por dia, no ano fiscal de 2012, para 7.853, ou aproximadamente 22 por dia, em 2014. (Os números da Florida incluem remoções de Porto Rico e Ilhas Virgens dos EUA).

Ao longo dos últimos cinco meses, de 1º de outubro a 7 de março, a taxa caiu para 640 por dia em todo o país e 16 por dia na Flórida.

As execução em curso, entretanto, provocaram alarmes, uma vez que esses imigrantes poderiam ser elegíveis ao status legal, assim que as Ordens Executivas entrarem em vigor. “Eles devem ser de baixa prioridade, mas sabemos que os checkpoints ainda estão acontecendo”, disse Francesca Menes, diretora de políticas para o Immigrant Coalition Florida, com sede em Miami. “Alguns de nossos membros no Facebook estão alertando a comunidade, dizendo que estão parando as pessoas, verificando carteiras de motorista. As famílias ainda estão sendo separadas, infelizmente”.

O clima de medo e as complicações enfrentadas por indocumentados levaram à renovação de pedidos por reforma da imigração. O Congresso, no entanto, permanece fortemente dividido sobre como ou se deve legalizar 11 milhões imigrantes no país.

Na Flórida, estima-se que 632 mil imigrantes indocumentados vivem nas sombras da lei. De acordo com um levantamento recente do “Sun Sentinel”, a maior população de indocumentados em Broward é de colombianos (15%), seguidos por mexicanos (10%). Os brasileiros ficam em terceiro lugar, com 9% dos indocumentados no condado.

Declínio das deportações As remoções do país caíram consideravelmente. No ano fiscal de 2012, foram 409.849 deportações, das quais 12.366 foram na Flórida; em 2013, foram 368.644 deportações, das quais 8.475 foram na Flórida; em 2014 foram 315.943, com 7,853 na Flórida; e em 2015 (de 1º de outubro até 7 de março), foram 101.201 deportações, das quais 2.527 ocorreram na Flórida.