Depressão e Tristeza: Qual é mesmo a diferença?

Por Gazeta Admininstrator

"Para afirmarmos que o paciente está deprimido temos que afirmar que ele sente-se triste a maior parte do dia, quase todos os dias..."

Quem nunca se sentiu triste ou melancólico ao longo da vida, que atire a primeira pedra. Tristeza é um sentimento que todos nós possuímos, e não há nada de errado em estar ou manifestar ? ser triste em momentos ou situações apropriadas a esse sentimento. Tristeza ou desgosto é um sentimento humano que expressa desânimo ou frustração em relação a alguém ou algo. É o oposto da alegria. A tristeza pode causar reações físicas como depressão nervosa, choro, insônia, falta de apetite, e ainda, reações emocionais, como o arrependimento. A tristeza pode ser a consequência de emoções como o egoísmo, a insegurança, a baixa autoestima, a inveja, o medo e a desilusão. São emoções que, quando não são tratadas logo, podem terminar gerando tristeza, ou em casos extremos a depressão nervosa.

Não só sintomas psicológicos podem surgir por conta da tristeza, mas sintomas físicos, como úlceras, hipertensão, problemas de pele, queda de cabelo, baixa do sistema imunológico, além de outros. Inclusive pode causar problemas mais sérios de arritmias e doenças cardíacas. Há até quem diga que o câncer ou outras doenças mais graves estejam ligadas a quadros prolongados de tristeza.

Muito bem, agora que sabemos o que é a tristeza, e que todos nós, em um momento ou outro qualquer já a sentimos ou sentiremos, vamos compará-la com a tão famosa depressão.

O termo "depressão" é muitas vezes usado inadequadamente para descrever esses quadros de tristeza, ou de baixo astral temporário. A depressão, enquanto diagnóstico psiquiátrico é algo bastante diferente: é uma doença como outra qualquer que exige tratamento. Muitas pessoas pensam estar ajudando um amigo deprimido ao incentivarem ou mesmo cobrarem tentativas de reagir, distrair-se, de se divertir para superar os sentimentos negativos. Os amigos que agem dessa forma fazem mais mal do que bem, são incompreensivos e talvez até egoístas. O amigo que realmente quer ajudar procura ouvir quem se sente deprimido e no máximo aconselhar ou procurar um profissional quando percebe que o amigo deprimido não está apenas triste.

Uma boa comparação que podemos fazer para esclarecer as diferenças entre a depressão clínica e a tristeza comum, seria comparar com a diferença que há entre clima e tempo. O clima de uma região ordena como ela prossegue ao longo do ano, por anos a fio. O tempo é a pequena variação que ocorre para o clima da região em questão. O clima tropical exclui incidência de neve. O clima polar exclui dias propícios a banho de sol.

Nos climas tropicais haverá dias mais quentes, mais frios, mais calmos ou com tempestades, mas tudo dentro de uma determinada faixa de variação. O clima é o estado de humor e o tempo as variações que existem dentro dessa faixa. O paciente deprimido terá dias melhores ou piores assim como o não deprimido. Ambos terão suas tormentas e dias ensolarados, mas as tormentas de um, não se comparam às tormentas do outro, nem os dias de sol de um, se comparam com os dias de sol do outro. Existem semelhanças, mas a manifestação final é muito diferente.

Para que se obtenha um diagnóstico preciso, é importante consultar-se com um profissional especializado, como psicólogo ou psiquiatra. Existe uma séria de sintomas que são próprios da depressão, e que um psicoterapeuta ou médico podem observar, tais como: perda de energia ou interesse, humor deprimido, dificuldade de concentração, alterações de apetite e sono, lentificação das atividades físicas e mentais, sentimento de pesar ou fracasso, entre outros. Sintomas físicos também são comuns, como alteração nos batimentos cardíacos, constipação, dores de cabeça, dores no corpo, ou até mesmo
problemas digestivos.

Outros sintomas que podem vir associados a esses descritos acima são: pessimismo, dificuldade para começar, ou finalizar as suas tarefas, irritabilidade ou impaciência, chorar a toa, ou dificuldade para chorar, inquietação, sensação de que nunca vai melhorar, de que nunca vai encontrar uma saída pra sua vida, persistência de pensamentos negativos, queixas frequentes, sentimentos de culpa injustificáveis, perda de desejo sexual, boca ressecada e perda de peso.

Para afirmarmos que o paciente está deprimido temos que afirmar que ele sente-se triste a maior parte do dia quase todos os dias, não tem tanto prazer ou interesse pelas atividades que apreciava, não consegue ficar parado e pelo contrário, movimenta-se mais lentamente que o habitual. Passa a ter sentimentos inapropriados de desesperança desprezando-se como pessoa e até mesmo se culpando pela doença ou pelo problema dos outros, sentindo-se um peso morto na família. Com isso, apesar de ser uma doença potencialmente fatal, surgem pensamentos de suicídio. Esse quadro deve durar pelo menos duas semanas para que possamos dizer que o paciente está deprimido.

A causa exata da depressão é ainda desconhecida, mas já se tem conhecimento de que é provavelmente um desequilíbrio bioquímico dos neurônios responsáveis pela regulação do nosso estado de humor. E essa afirmacao é exatamente comprovada pela eficácia dos remédios antidepressivos.

Muitas coisas enfim nos causam tristeza, com perda de pessoas queridas, perda de um emprego, ou posição social, crise financeira, problemas nas relações afetivas, divórcio, brigas ou mal entendidos com pessoas importantes nas nossas vidas. No entanto, se essa tristeza persiste por mais do que tempo necessário para a sua superação, e se torna até injustificável, provavelmente estamos lidando com um quadro depressivo. Se você ou alguém que conhece parece deprimido, seja um bom e eficaz amigo(a) para si ou até mesmo para o outro, e busque ajuda profissional o quanto antes. A vida é muito boa e pode ser bastante interessante para ser vivida na sua plenitude. Não há tristeza que dure para sempre! Pode acreditar nisso. E para um quadro de depressão clínica, há tratamento, com medicação, quando recomendável, e com psicoterapia. Escolha ser saudável e feliz!