Deputados citados por CPMI criticam relatório.

Por Gazeta Admininstrator

O relatório da CPMI das Sanguessugas que pede a abertura de processos contra 72 parlamentares – 69 deputados e 3 senadores - por suposto envolvimento na máfia das ambulâncias continua gerando protestos entre os acusados. A principal queixa apresentada por eles é de que a comissão não teria respeitado o princípio do contraditório, ao negar-lhes o direito de defesa.
Leia a reação de alguns deputados citados pela CPMI.

Isaías Silvestre acusa CPMI de não cumprir papel

Incluído na lista de denunciados por suposto envolvimento na máfia das ambulâncias, o deputado Isaías Silvestre (PSB-MG) afirmou que a CPMI das Sanguessugas não cumpriu seu papel, que era o de apontar os parlamentares contra os quais existem realmente provas contundentes. Com isso, segundo Isaías, a comissão acabou jogando os deputados em uma vala comum. O parlamentar reclamou ainda que apresentou sua defesa, mas a CPMI não a levou em consideração.

Laura Carneiro afirma que vai provar sua inocência

A deputada Laura Carneiro (PFL-RJ) afirmou que vai provar sua inocência. Ela foi incluída na lista dos parlamentares contra os quais, segundo o relatório da CPMI, haveria provas de participação no esquema. “O que houve foi um julgamento político, quando deveria ter havido um julgamento jurídico.

“O próprio relator, na página 968 do relatório, afirma que nesta fase não há o contraditório, que a ampla defesa só vai se dar na Corregedoria. Então, fica claro que a minha defesa não foi considerada. Eu vou continuar me defendendo e vou provar a minha inocência”, afirmou a deputada.

Paulo Gouvêa quer depoimento de suposto beneficiário

O deputado Paulo Gouvêa (PL-RS) afirmou que a CPMI das Sanguessugas não tinha provas suficientes para incluir o seu nome entre os supostos envolvidos nas fraudes. “Faltou o depoimento da pessoa que teria recebido alguma coisa em meu nome. Ela nunca trabalhou comigo, não faz parte de minha família e não está relacionada entre os meus amigos. Há uma citação de que essa pessoa teria recebido um valor em meu nome e ela, por razão que eu não conheço, não prestou depoimento”, afirmou.

Gouvêa acredita que os argumentos para manter o seu nome na lista de investigados são muito fracos. “O que posso fazer diante de uma acusação cuja razão eu desconheço?” questionou.

Para Adelor Vieira, houve julgamento político

O deputado Adelor Vieira (PMDB-SC) classificou a aprovação do relatório do senador Amir Lando (PMDB-RO) pela CPMI das Sanguessugas como um “julgamento político”. De acordo com Vieira, a comissão não considerou os argumentos apresentados em sua defesa. “O relatório considera apenas as palavras de quem acusa e não faz nem sequer uma menção em relação à minha defesa. É lamentável que isso aconteça, mas eu tenho certeza de que na próxima instância terei oportunidade de me manifestar”, afirmou.

Vieira queixou-se também de que o documento aprovado não teria feito distinção entre os parlamentares que de fato têm algum envolvimento e aqueles que foram apenas citados pelo empresário Luiz Antonio Vedoin.

Amauri Gasques: relatório se baseia em palavra de bandido

O deputado Amauri Gasques (PL-SP) disse que não esperava a inclusão de seu nome na lista dos 72 parlamentares. “Não ocorreu o direito de defesa”, lamentou. “O relator disse que a defesa não é admitida na CPMI; mas a execração pública, sim. Uma vez que se expõe os nomes das pessoas com base apenas naquilo que foi dito pelos bandidos, sem dar aos parlamentares o direito de defesa, inocentes são execrados”, protestou.

Gasques admitiu a possibilidade de que haja um número significativo de parlamentares envolvidos no esquema, “mas é preciso dar a oportunidade, inclusive a esses, para que apresentem suas defesas”.

Cabo Júlio reclama dos critérios usados por CPMI

Para Cabo Júlio (PMDB-MG), a CPMI não respeitou o princípio do contraditório e só quando começarem os processos na Câmara é que os deputados terão condições de se defender. Ele lamentou que os acusados tenham tido acesso a informações sobre as investigações apenas por meio da imprensa.

Cabo Júlio acrescentou que só agora cada um dos 72 parlamentares denunciados vai saber o que pesa sobre si e ter tempo para fazer a defesa, “mostrando algumas verdades que a CPMI não sabe, pois não quis ouvir ninguém”. Ele disse que vai esperar a disponibilização do relatório da comissão para definir sua linha de defesa.

Reinaldo Gripp aponta comissão como “palco”

A aprovação do relatório do senador Amir Lando, para o deputado Reinaldo Gripp (PL-RJ), foi “um grande palco de vários atores pouco preocupados com a verdade”. Gripo contesta sua inclusão na lista de 72 parlamentares denunciados pela CPMI. “Entrei na Câmara em setembro de 2005 e não há nenhuma emenda minha aprovada para ambulância. Fui suplente em 2001 e em 2002, votei orçamento e não me reelegi.”

De acordo com o deputado, os próprios empresários da Planam teriam afirmado que as emendas que ele apresentou não foram usadas. “Mesmo assim, eles falaram que me deram R$ 200 mil. Bonzinhos demais, não é?” questionou. “Vou processar esses criminosos por calúnia e difamação e bater palmas para esses deputados que querem se promover na mídia por meio de parlamentares que não têm nada a ver com isso.”

Irapuan Teixeira alega que não teve direito de defesa

Ao se declarar inocente, o deputado Professor Irapuan Teixeira (PP-SP) disse que não teve direito de defesa e que não existe prova alguma que o incrimine. “Existe, sim, a palavra de algumas das pessoas envolvidas no esquema. Eles dizem que conversaram comigo ao telefone, acusando-me disso ou daquilo; mas não conseguem provar nada.”

Para Teixeira, a CPMI colocou todos os 72 parlamentares citados numa vala comum. “Não disseram que há provas contundentes contra uns; uma acusação contra outros; apenas a menção de nomes; ou que um parlamentar, inadvertidamente, atendeu a telefonema de uma daquelas pessoas”, reclamou.

Segundo o deputado, inicialmente seu nome não estava incluído entre os acusados. “Mas a CPMI se reuniu na quarta-feira à noite e houve pressões, segundo fomos informados, e o senador Amir Lando cedeu e incluiu mais nomes”, afirmou.

Agência Câmara