Em fevereiro, Ronald H. Merker, 49, oficial do Customs and Border Protection foi considerado culpado por aceitar quantias de $1 mil de diversos brasileiros para permitir que entrassem no País pelo Aeroporto Internacional de Miami.
O assunto tornou-se tão preocupante que, recentemente, o responsável pelo escritório de Operações de Campo do U.S.Customs and Border Protection, Thomas S. Winkowski, emitiu memorando para todos os funcionários da agência com o tema: “Perturbadores eventos recentes”.
Winkowski referiu-se diretamente a agentes envolvidos com crimes de violência doméstica, posse de drogas e direção sob embriaguez. Registros judiciais, no entanto, mostram que os agentes de Alfândega e outros funcionários do Departamento de Segurança Interna (Homeland Security), do Sul da Flórida aos estados fronteiriços com o México têm sido processados por dezenas de crimes muito mais graves.
Entre estes crimes, reportagem do jornal Miami Herald cita o caso de uma agente de Customs and Border Protection, lotada no aeroporto internacional de Lauderdale-Hollywood, acusada de, em fevereiro, conspirar para auxiliar uma rede de tráfico de drogas em New York, passando para seus integrantes informações sigilosas dos arquivos fede-rais.
- Eu acredito que isso se alastrou em nossa organização? Não, não acredito – disse Winkowski em entrevista ao Miami Herald. Alguns agentes do Immigration and Customs Enforcement também foram flagrados em episódios de alegada má conduta. No entanto, o agente Anthony Mangione, agente especial responsável pelo Immigration and Customs Enforcement, em Miami, afirma não ter conhecimento de qualquer elevação no número de casos criminais ou administrativos envolvendo seus agentes.
Autoridades federais, em geral, mantêm incidentes administrativos sob sigilo. Mas os oficiais não podem conter a publicidade em torno de casos de comportamento criminoso, como o ocorrido em fevereiro envolvendo a agente Elizabeth Moran-Toala, lotada no aeroporto internacional de Fort Lauderdale-Hollywood.
Toala, funcionária há seis anos do departamento, é acusada de ter acessado o banco eletrônico de dados conhecido como Treasury Enforcemente Communications System, utilizado como ferramenta de investigação para deter a importação ilegal de drogas. De acordo com a denúncia, ela teria acessado o sistema inúmeras vezes com o objetivo de passar informações para o encarregado de bagagens da empresa Delta Airlines, acusado de participar de uma rede de tráfico de cocaína e de heroína da República Dominicana para New York.
Outros casos recentes ocorridos no Sul da Flórida envolvem oficiais e agentes acusados de aceitar proprina para facilitar o tráfico de imigrantes e de drogas, interceptação de testemunhas, desfalque e estupro.
Os responsáveis pelas agências afirmam que tais casos refletem o comportamento criminoso de indivíduos e não a cultura das agências.
No entanto, alguns dos funcionários mais antigos tanto do CBP (Customs and Border Protection) e do ICE (Immigration and Customs Enforcement), afirmam que incidentes administrativos tais como hostilidades ou abuso de álcool podem refletir baixa moral e intensa rivalidade decorrentes da fusão das agências federais sob a competência do departamento de Homeland Security.
A fusão ocorreu logo após os atentados de 11 de setembro, com o objetivo de facilitar as investigações e ações anti-terroristas. Implantada com o objetivo de aumentar a eficiência, a fusão, ao contrário, ampliou a tensão. Ambas, Border Protection e Customs Enforcement chegaram quase ao fundo do poço em uma pesquisa que, em 2007, avaliou entre as 222 agências federais, o nível de satisfação de seus funcionários.
Crimes envolvendo agentes federais no Sul da Flórida
Ronald H. Merker, 49 –Oficial do Customs and Border Protection (CPB). Foi considerado culpado durante julgamento ocorrido em fevereiro, de aceitar $1 mil, de cada um dos diversos brasileiros que passaram pelo Aeroporto Internacional de Miami para permitir que entrassem no País.
Edwin Disla, 34 – Oficial do CPB lotado em Miami, considerado culpado, em janeiro, por conspiração para tráfico de drogas, e por utilizar seu poder para ludibriar a segurança enquanto movimentava grande quantidade de cocaína entre Porto Rico e Miami.
Carlos H. Garcia, 41 – Oficial do CPB acusado de, em agosto, ter rasgado o visto de turista de sua namorada colombiana, e de ameaçar ela e a família de deportação. Posteriormente, de acordo com o inquérito, ele parou e intimidou a mãe da jovem no aeroporto de Miami. Uma investigação federal constatou que Garcia teria dito à namorada para que não cooperasse com as investigações. Ele foi considerado culpado.
Wilfredo Wazquez, 35 – Agente do ICE acusado de, em novembro estuprar uma mulher jamaicana que transportava do centro de detenção de West Miami-Dade para Broward.
Ramon Llorca , 45 – Agente do ICE preso em maio sob acuzação de apropriar-se de $2,5 mil destinados ao pagamento de um informante. Ele também é acusado de suborno, e de ter registrado uma pessoa como informante do ICE, em troca de uma doação de $5 mil para o time de futebol de seu filho. Ele foi considerado culpado.

