Desfaunação na Mata Atlântica - Pense Green

Por Fernando Rebouças

282_oi_mataatlantica_300dcor

gfO termo é desconhecido pela maioria das pessoas, mas a “desfaunação” é um assunto ambiental muito sério e tem ocorrido de modo acelerado na Mata Atlântica, no Brasil, um dos biomas mais ricos em biodiversidade e endemismo no mundo. A desfaunação é a perda de espécies da fauna, situação que já afetou 80% de todas as espécies da Mata Atlântica do leste de Minas Gerais ao estado do Sergipe.

Esse processo de perdas atingiu, principalmente, mamíferos de peso acima de 5kg. A informação compôs recente estudo publicado pela revista científica Plos One, com a participação de cientistas e acadêmicos brasileiros com o uso de imagens de satélite e equipamentos de GPS. Além de entrevistas com moradores das regiões pesquisadas. Os cientistas buscaram identificar a situação de 18 espécies de mamíferos de porte grande e médio, como onças, antas, veados, tamanduás e macacos-pregos. Pela pesquisa, concluíram que das 18 espécies de mamíferos, somente 4 ainda viviam por fragmento de mata com tamanho entre 50 hectares e 5 mil hectares. Nessas áreas podemos considerar a inexistência de animais como onças-pintadas, queixadas, tamanduás-bandeiras, antas e muriquis. Espécies como preguiças, pacas, bugios e raposas foram menos atingidos. Os saguis permaneceram resistentes à perda de indivíduos de sua espécie.

A causa são a derrubada das florestas e a prática da caça em determinados períodos e certas localidades. A perda de fauna não ocorre em fragmentos protegidos pela lei, o que justifica a necessidade de se criar mais áreas de proteção. Segundo as  pesquisas, a pressão pela caça ainda é maior na região Nordeste, onde as pessoas caçam bicho preguiça, macaco, porco-do-mato e veado para comer.

Numa visão geral, os mamíferos herbívoros de porte médio estão entre os mais ameaçados que, além da caça e da derrubada, são prejudicados pela perda de vegetação, fonte de alimentação para essas espécies. Por outro lado, a ausência de mamíferos herbívoros pode prejudicar a manutenção natural da vegetação, pois essas espécies são responsáveis pela dispersão e predação de sementes de plantas.

Os estudos visaram identificar as causas e os efeitos do processo de desfaunação e seus efeitos sobre a comunidade vegetal, focando sobre a reprodução de uma planta zoocórica, o jerivá. Os estudos abrangeram cinco fragmentos de Mata Atlântica de Planalto sobre a perda de mamíferos herbívoros.