Despedida de Ronaldo faz lembrar por que Pelé sempre será Pelé

Por Gazeta Admininstrator

Ronaldo Nazário, que um dia foi “Ronaldinho”, mas voltou a ser Ronaldo para dar lugar ao Ronaldinho Gaúcho, foi, inquestionavelmente, um dos 5 maiores jogadores do futebol brasileiro de todos os tempos.

Na mesma faixa de grandeza que Zico, Leônidas da Silva, Romário e Ronaldinho Gaúcho.

Assistindo às inúmeras retrospectivas de seu futebol espetacular, seus dribles infernais, suas jogadas e gols incríveis que lhe valeram o justíssimo apelido de “fenômeno”, não há como não admirar o gênio com a bola nos pés.

E mais: Ronaldo soube ser o jogador inteligente, mais dentro do que fora de campo, sem perder o seu jeito moleque, carioca e brasileiríssimo, que é emblemático do brasileiro “boa gente”.

Fora de campo, Ronaldo teve seus deslizes. Alguns misteriosos (como a crise na fatídica final da Copa de 1998, na França), outros patéticos (como o “imbroglio” com os travestis, no Rio, já no retorno ao Brasil, em 2009). Mas nada disso arranhou de fato o seu prestígio.

Só que, ao escolher um “fim de carreira” pontuado pelo marketing e não pelo esporte, Ronaldo deu uma tremenda mancada. Ele não poderia imaginar que seu status de “ídolo inatingível” o livraria das críticas contundentes por sua forma física inaceitável para um jogador que se pretende competitivo. Esnobou o Flamengo e foi para o Corinthians, protagonizar mais uma dessa bizarras “jogadas de marketing” de que vive o futebol brasileiro de agora.

Gasta-se fortunas para trazer ídolos em fim de carreira e nada se faz para manter aqui os novos talentos de agora. O futebol brasileiro comete um de seus erros mais básicos. E Ronaldo foi agente e vítima dessa “enganação” que visa basicamente vender material esportivo, lotar estádios, alimentar a mídia e torcer para que os ídolos em fim de festa possam fazer muitos gols de pênalti, porque os gols normais ficam mesmo muito difíceis de sair.

E como os tais gols, mesmo os de pênalti, escassearam, o torcedor que foi receber o ídolo no aeroporto como se estivesse chegando ao Brasil um atleta espetacular no auge de sua forma, esse mesmo torcedor, começou a vaiar, e vaiar, até que, não satisfeito em humilhar quem, notoriamente se arrastava em campo para “honrar” os contratos de marketing, passou a ameaçar sua vida e a de seus familiares.

Por conta disso, Ronaldo está tendo uma despedida melancólica.

Seu discurso de despedida foi melancólico, triste, indigno das glórias que deu ao país, aos torcedores e indigno de si mesmo. Cheio de queixas e desculpas, nada que se pudesse imaginar ou esperar de um dos maiores ídolos do esporte brasileiro das últimas décadas.

E Pelé, hein?

O “rei” é, mesmo para quem o antipatiza e o acha esnobe, o exemplo mais perfeito do cara que sabe de tudo, dentro e fora do campo. Saiu quando devia, da forma perfeita, deixando na memória do mundo uma imagem impecável de vencedor.

Zico foi outro que saiu de cena ‘por cima’, sem choro nem vela, sem desculpas e sem “buscar alternativas para seguir faturando com os contratos de marketing” que nada têm a ver com a bola bem jogada e com o atleta em condições de rendimento.
Ronaldo já era milionário quando retornou ao Brasil.

Poderia já estar sendo um dos mais bem pagos comentaristas do futebol mundial. Fazer como Falcão. Mas não.

Mesmo mantendo um certo grau de dignidade que ainda o distancia da saída caótica e patética de Romário (que até veio jogar em um time de Miami na esperança de completar seus 1.000 gols que nunca foram homologados pela FIFA), Ronaldo não se permitiu a despedida que merecia.

Nem por isso, deixa de ser o que foi.

Mas deixa uma lição de que, para um grande ídolo do esporte, saber parar pode significar a entrada em um panteão de glória eterna, ou , ao contrário, pisar no gramado da mediocridade.