"Deu 'blackout' e isso acontece, é real", conta brasileira que esqueceu filho no carro em NY

Por Arlaine Castro

[caption id="attachment_187689" align="alignleft" width="353"] Pamila e o filho Pedro, hoje com 8 anos. Foto: Arquivo pessoal.[/caption] "Me deu um 'blackout'. Pode parecer mentira, mas infelizmente isso é real, acontece e pode acontecer com qualquer um e não tem nada a ver com amar menos ou não amar o filho, tem a ver com a rotina, com a mente da gente naquele momento e com o que não estamos acostumados a fazer", contou com exclusividade ao Gazeta News, Pamila Amorim, mãe de Vitória, 11 anos, e Pedro, 8. Há quatro anos, Amorim esqueceu o filho dentro do carro, à noite, em plena Nova York. Até hoje a situação a faz chorar. Segundo a goiana, que faz questão de falar como aconteceu para alertar outros pais e também mostrar às pessoas que isso é real e pode acontecer com qualquer um quando menos se imagina. "As pessoas não imaginam a dor dos pais e fazem comentários cruéis nas redes sociais condenando, mas sequer buscam entender a situação. São cruéis e os julgamentos. Isso não quer dizer que eu não ame meu filho, pode acontecer com qualquer um. E jamais me perdoaria se tivesse acontecido algo com meu filho! Eu amo meus filhos mais que tudo nessa vida!", analisa Amorim ao citar o caso dos gêmeos e relembrar que o que passou. Mortes de crianças dentro de carros sob forte calor chegam a 24 em 2019 Como sempre sai com os dois filhos juntos, nesse dia ela estava somente com o garoto, o que já foi diferente pra ela. "Meu marido e minha sogra ficaram com minha filha e eu fui levar meu filho para um encontro só de meninos na casa de uma amiga. Ficamos por lá de 17h até umas 22h. Vim embora e no caminho ele dormiu. Como não tenho garagem, demorei para achar um vaga que fosse perto de casa. Estacionei, desliguei o carro e saí. Não me lembrei que ele estava no carro. Entrei em casa e fui falar sobre o encontro. Foi quando meu marido e minha sogra perguntaram pelo Pedro. Só aí me dei conta de que ele estava comigo e não em casa, como de costume, já que a irmã ficou", detalha. Amorim conta que correu até o carro e pegou o filho, que ainda dormia. "Foi por Deus que eles estavam acordados e me perguntaram do Pedro. Senão eu não me lembraria e ele passaria a noite lá. Poderia acontecer algo grave. Foi por muito pouco", relembra. Segundo a goiana, foi questão de minutos, mas mesmo assim, só o fato de imaginar o que poderia ter acontecido de pior ao filho, já a deixa consternada. "Jamais me perdoaria se algo acontecesse a ele". Questionada se ela não se lembraria do filho antes de ir dormir ou se não tem o hábito de checar as crianças quando estão dormindo, Amorim explica que muito provável ela não se lembraria sozinha do filho naquela noite. E explica o porquê. "Como acontece quando saio alguma noite com amigas e meu marido fica com eles, ou quando vamos à igreja e eles ficam dormindo com minha sogra, por exemplo, talvez eu não me preocuparia em olhar por saber que estavam com eles e tenho confiança", diz. Na época, Pamila conta que a sogra estava morando com eles e, inclusive, dormindo no quarto das crianças, o que reforçaria para não incomodar. "Sabendo que está tudo bem, nem sempre checo o quarto toda hora". Para Amorim, os hábitos que uma família têm e sair da rotina são as principais causas para esquecimento de crianças em carros e faz o alerta. "Um alerta para os pais quando saem da rotina é sempre colocar um alarme (despertador) lembrando que está com a criança no carro (sempre coloco no alarme quando saio só com 1) ou sempre pendurar um bichinho no volante quando estiver com seu filho. Ou ainda escrever um bilhete na porta do carro perto de onde abre por dentro", pondera. Depois do acontecido, além de programar o alarme, Amorim conversou muito com os filhos, ensinando aos dois os números de telefones da família e como destravar as portas do carro. Leia a matéria especial com dados e dicas de prevenção em Mortes de crianças dentro de carros sob forte calor chegam a 24 em 2019 O que você acha? Com a repercussão após a morte dos gêmeos em NY, o Gazeta News fez um questionamento aos leitores nas redes sociais sobre o assunto e, dentre os principais depoimentos estão: -"Não atirem a primeira pedra ... Pode acontecer com qualquer um. Uma vez meu marido deveria levar nosso filho para creche e esqueceu e seguiu direto para o trabalho, quando ia passando pelo pedágio o bebê fez um “Nhé” e ele se deu conta de que o bebê estava no carro e que ele tinha esquecido de deixá-lo na creche! Isto aconteceu porque meu marido saiu da rotina dele de ir direto para o trabalho. Ele me ligou apavorado com o que podia ter acontecido. A partir daí tomamos como medida de segurança colocar a mochila das crianças no banco da frente e a pasta dele(ou a minha bolsa) no banco de trás sempre que saíamos com o bebê! Isso faz 16 anos. Sim, pode acontecer. Acho que a melhor medida de segurança é colocar a mochila do bebê no banco da frente e as nossas bolsas/ pastas no banco de trás junto com o bebê. Funcionou pra gente!" Cris Fontana, Flórida. - "Nesse calor eu morro de medo de esquecer meu filho no carro ...não estou julgando, mas 8 horas é muito tempo. O pai não lembrou, nem a mäe. Quando meu marido leva meu filho para escola logo em seguida eu mando um 'txt' pra ele perguntando como meu filho ficou na escola, se ficou bem ou chorando. Meu marido também me escreve, pergunta se o baby ficou bem na escola também. Sempre um lembrando o outro". Fatima Basgal NY, Iwoa. -"Esse pai com certeza estava sobrecarregado e com estafa ( fadiga mental). Tenho certeza que ele não fez isso por ser um irresponsável ou um criminoso. E apenas mais um ser humano massacrado pela escravidão diária que nos é imposta pela vida!", Elda Carneiro, Flórida.