Dez tendências para o mundo pós-pandemia

Por Arlaine Castro

Menos consumo de coisa supérfluas, maior preocupação com o coletivo no trabalho e na vida pessoal (família, amigos e vizinhos), uma moradia mais prática e uma vida mais saudável. Essa pandemia do novo coronavírus está fazendo com que a população comece a enxergar novas formas de viver. Assim, tendências para o mundo pós-pandemia começam a ser discutidas. "Consumir por consumir sai de moda, morar perto do trabalho, atuar mais no coletivo com colegas de empresas, ou vizinhos do bairro. A Covid-19 vai rever valores e mudar hábitos da sociedade", aponta Cleyton Melo no artigo "Como o coronavírus vai mudar nossas vidas: dez tendências para o mundo pós-pandemia". Muitas pessoas já começam a questionar como será esse mundo "pós-coronavírus". Temos visto uma mudança significativa nos hábitos pela obrigação de ficar em casa, de trabalhar de casa, de passar mais tempo com a família. Mas não é só sobre isso que haverá mudança. Entender o processo e começar a pensar em como será o mundo daqui pra frente é preciso. O mundo não vai voltar a ser como era tampouco nossas vidas. E isso vai demorar um bocado ainda para se acertar. A Organização Mundial de Saúde calcula que sejam necessários pelo menos 18 meses para haver uma vacina contra a COVID-19. Se para uma imunização pode levar esse tempo, mesmo remédios e outros paliativos contra o novo vírus podem demorar mais. É melhor nos acostumarmos. Como alerta o biólogo Átila Lamarino, doutor em microbiologia pela Universidade de São Paulo e pós-doutor pela Universidade Yale, em entrevista para a BBC Brasil: "O mundo mudou, e aquele mundo (de antes do coronavírus) não existe mais. A nossa vida vai mudar muito daqui para a frente, e alguém que tenta manter o status quo de 2019 é alguém que ainda não aceitou essa nova realidade. Mudanças que o mundo levaria décadas para passar, que a gente levaria muito tempo para implementar voluntariamente, a gente está tendo que implementar no susto, em questão de meses", diz. Na verdade, essa pandemia também pode ser vista como um "divisor de águas" entre os séculos. "Acho que essa nossa pandemia marca o final do século 20, que foi o século da tecnologia. Nós tivemos um grande desenvolvimento tecnológico, mas agora a pandemia mostra esses limites", aponta a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, professora da Universidade de São Paulo e de Princeton, em entrevista ao portal Universa. "[O historiador britânico Eric] Hobsbawm disse que o longo século 19 só terminou depois da Primeira Guerra Mundial [1914-1918]. Nós usamos o marcador de tempo: virou o século, tudo mudou. Mas não funciona assim, a experiência humana é que constrói o tempo. Ele tem razão, o longo século 19 terminou com a Primeira Guerra, com mortes, com a experiência do luto, mas também o que significou sobre a capacidade destrutiva. Acho que essa nossa pandemia marca o final do século 20, que foi o século da tecnologia. Nós tivemos um grande desenvolvimento tecnológico, mas agora a pandemia mostra esses limites", salienta Lilia. Toda essa pandemia vai acelerar o fim de uma liderança global - no caso, os EUA - que também entram na mudança de paradigmas causada pela crise, tornando urgente o debate sobre como se adaptar ao mundo pós-ocidental. Com efeitos que podem durar anos, essa pandemia vai provocar pelo menos 10 novas tendências, como cita Melo em seu artigo. São enumeradas em: " Revisão de crenças e valores; Menos é mais; Reconfiguração dos espaços do comércio; Novos modelos de negócios para restaurantes; Experiências culturais imersivas; Trabalho remoto; Morar perto do trabalho; Shopstreaming; Busca por novos conhecimentos; e Educação a distância". Contudo, percebemos mudanças também em atitudes que são vistas mais fortemente em grandes catástrofes: a união para que o outro ser humano não passe fome. Como tem feito a comunidade brasileira na Flórida.