Diferença de expectativas entre gerações

Por Rosana Brasil

O Burro e seu condutor “Um burro que estava sendo conduzido por uma estrada conseguiu se soltar de seu condutor e saiu correndo na direção de um precipício. Já ia caindo quando seu condutor chegou correndo e conseguiu segurar. Começou a puxar o burro pelo rabo com toda a força, tentando levar o animal para um lugar seguro. O burro, porém, aborrecido com a interferência, fazia força na direção oposta, e o homem acabou sendo obrigado a largá-lo.” Quando os pais encaram a realidade de que o filho adulto tem um ponto de vista diferente, começam a lamentar. Mas como isto é possível? Como posso ajudar meu filho adulto a assumir responsabilidade pela própria existência? Por que meu filho não quer casar? Enquanto o filho adulto ajusta a imensa tarefa de se tornar independente e senhor do seu próprio nariz. Na maioria dos casos em que um filho adulto comporta-se “imaturamente”, observa-se que se os genitores são capazes de continuar oferecendo amor e suporte emocional, demostrando confiar que o filho adulto tem o potencial de solucionar seus próprios dilemas; acreditam que sem interferência eles serão capazes de reassumir a responsabilidade pelo próprio crescimento, consequentemente superando as dificuldades encontradas. Quando expectativas e perspectivas de vida são esclarecidas, a tensão entre ambas as partes diminui e a possibilidade de entendimento e compreensão aumenta. Em outras palavras, estaremos dizendo que confiamos no potencial inato do filho(a) adulto(a) de tomar suas própria decisões e precauções evitando cair no abismo. No entanto, quando as sugestões dos pais não são bem recebidas por parte dos filhos, que insistem em continuar seguindo no mesmo caminho, é essencial ser otimista e acreditar que seu filho tem a capacidade de aprender com as experiências vividas e que saberá sair do abismo. Vejamos o caso de Alexia e seu filho Jorginho. Alexia tem uma visão tradicional, Jorginho, ao contrário da mãe, é liberal. Para Jorginho não há nada absoluto. Ser rico não é mais desejável do que ser pobre. Casamento não é garantia de felicidade eterna. Jorginho é consciente de não querer assumir compromisso, como também é cuidadoso para não iludir ninguém. Alexia esta tendo muita dificuldade em entender o filho. Para lidar com Jorginho, Alexia deve fazer perguntas e escutar as respostas com atenção e sem julgamento. Alexia deve perguntar: “Jorginho, será que você poderia me ajudar a entender como você chegou a conclusão de que ficar solteiro é a melhor opção?” Alexia deve manter a mente aberta, demonstrando respeito às ideias e opiniões de Jorginho. Esta não é a hora para críticas e, sim, para escutar com atenção e compreensão. Alexia deve assumir que não sabe tudo e que está disposta a aprender. Procurar saber o que Jorginho pensa, sente, quais são suas expectativas de vida, seus sonhos e desejos é essencial para poder lidar com esta geração que está imprensada entre a dependência ou independência paterna. O objetivo principal não é “puxar o burro pelo rabo” e, sim, aceitar que somos expressões individualizadas do divino, que através de experimentação e tentativas buscam descobrir o caminho ao equilíbrio e maturidade.