Dilma garantiu a Collor diretorias da BR, diz Cerveró

Por Gazeta News

Cerveró disse ter ouvido o relato de Collor sobre suposto encontro com Dilma. Foto: PT/Flickr
[caption id="attachment_104143" align="alignleft" width="300"] Cerveró disse ter ouvido o relato de Collor sobre suposto encontro com Dilma. Foto: PT/Flickr[/caption]

O ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, um dos delatores da Operação Lava-Jato, declarou à Procuradoria-Geral da República que o senador Fernando Collor (PTB-AL) lhe disse, em setembro de 2013, que a presidente Dilma Rousseff havia garantido ao parlamentar que "estavam à sua disposição" a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora.

Cerveró disse ter ouvido o relato de Collor sobre suposto encontro com Dilma durante uma reunião em Brasília, que teria ocorrido em setembro de 2013. Segundo o ex-diretor, Collor disse na reunião "que não tinha interesse em mexer na presidência e nas diretorias da BR Distribuidora", ocupadas por nomes de indicação do PT.

Lula lhe deu cargo em estatal por "gratidão”

Também em depoimento, Cerveró afirmou que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe deu o cargo público — de diretor da BR Distribuidora - como "reconhecimento". O executivo disse ajudou petistas a quitarem um empréstimo de R$ 12 milhões, considerado fraudulento pela operação Lava-Jato.

Essa é a primeira vez que o ex-presidente é envolvido diretamente no caso por um delator.

Em 2004, o fazendeiro José Carlos Bumlai, amigo de Lula, obteve um financiamento do Banco Schaim e diz ter repassado R$ 6 milhões para o empresário Ronan Maria Pinto, que, segundo a Lava-Jato, tinha informações comprometedoras sobre o PT na região.

Anos depois, sob o comando de Cerveró, a Petrobras teria ajudado o Grupo Schain a vencer uma licitação para o aluguel de um navio sonda para a estatal. O negócio rendeu à Schain mais de R$ 1 bilhão.

O esquema é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como uma forma de pagamento por parte do Partido dos Trabalhadores ao empréstimo feito para Bumlai.

Na delação, Cerveró disse que conseguiu continuar na estrutura da Petrobras graças à intermediação desse negócio. Segundo ele, foi o próprio Lula quem decidiu indica-lo para o cargo na BR Distribuidora.

Em depoimento à Polícia Federal, o pecuarista José Carlos Bumlai admitiu que parte do empréstimo contraído no Banco Schain foi repassado aos caixas do PT, mas isentou Lula de participação no esquema.

Conforme Bumlai, o partido teria sido chantageado pelo empresário Ronan Maria Pinto, que teria pedido R$ 6 milhões para não contar o que sabia sobre o caixa dois do diretório de Santo André e a relação desses recursos com o assassinato do prefeito Celso Daniel, ocorrido em 2002.

Os outros R$ 6 milhões teriam sido enviados ao PT de Campinas para quitar dívidas de campanha, segundo o pecuarista.

As informações são do jornal Folha de S. Paulo e Estadão Conteúdo.