Dilma & Obama, duas retrospectivas bem diferentes do ano de 2011 - Editorial

Por Carlos Borges

O ano de 2011 chega ao fim para o presidente dos Estados Unidos e para a presidenta do Brasil de formas diametralmente opostas.

Quem diria que, pouco tempo depois de conquistar a presidência do Brasil quase que unicamente por conta do “prestígio emprestado” pelo ex-presidente Lula, a presidenta Dilma Rousseff estaria tão solidamente instalada no poder em Brasília e com índices de aprovação popular de seu governo, idênticos aos dos melhores dias de Lula.

Muita gente deve estar espantada com a performance de Dilma. Quem apostava em uma presidência refém do PT e da própria influência do ex-presidente no governo, parece ter se enganado de forma radical.

Além de em poucos meses imprimir estilo próprio ao jeito de governar o Brasil, Dilma se tornou, no imaginário popular brasileiro de 2011, em uma campeã da moralidade pública, demitindo uma fila de ministros acusados de todo tipo de desonestidades. Uma “limpeza” como nunca se viu na história de um Brasil que parecia (ou segue parecendo) rolar abaixo em uma incontrolável ladeira de corrupção generalizada.

É óbvio que Dilma não mudou o Brasil e nem é possível que imaginemos que décadas (ou seriam séculos?) de péssimos hábitos e absoluta imoralidade no trato das questões públicas, seriam “sanados” de uma hora para a outra.

Mas a presidente, ao “jogar duro” com os ministros prevaricadores, conquistou a alma do povo. O povo brasileiro que é, em sua essência, correto, honesto e está farto de ver os poderosos da política se locupletarem impunemente.

O contra-ponto do ano cintilante (apesar de politicamente tenso) vivido por Dilma no hemisfério Sul, foi o ano nada fácil e com quase nada para comemorar, do presidente norte-americano, em seu terceiro ano de gestão.

Sem conseguir praticamente nenhuma vitória substantiva dentro do país, Obama tem que se contentar com a única área de atuação em que o povo americano aprova majoritariamente sua presidência: a política externa e de segurança.

Economia estagnada, desemprego que não dá nenhuma esperança concreta de voltar a índices aceitáveis, consumo inibido, tímida evolução na atividade industrial e a depressão sem fim do poderoso mercado imobiliário.

Isso sem falar na mais cerrada – às vezes cega, surda e muda – oposição que os republicanos fazem a seu governo, transformado em guerra aberta entre uma Câmara de Representantes de folgada maioria republicana, contra um Senado de mínima maioria democrata.

Projeto a projeto, Obama vê os republicanos “travarem” o governo de uma forma que só nos resta acompanhar pela TV (o verdadeiro palco da política norte-americana) o patético espetáculo proporcionando por dois partidos políticos que se esqueceram dos interesses do país para cuidarem apenas das eleições presidenciais de 2012.

O absurdo é tão grande que, o assunto número 1 dos noticiários é a “gangorra” das pesquisas de intenção de voto entre os pretendentes a candidato republicano que irá enfrentar Obama em 2012.

No território de Barack Obama, a retirada das tropas norte-americanas do Iraque, após 9 anos de uma das mais controversas invasões perpretadas pelos Estados Unidos em sua história - baseada que foi em alegações, que se provaram falsas, de existência de armas de destruição em massa, que estariam em posse do ex-ditador iraquiano, Saddam Hussein – virou o “poster de fim de ano” para dar ao governo uma imagem de sucesso, diante do evidente “ibope alto” que a algazarra republicana está causando com um debate atrás do outro.

O retorno das tropas funciona muito bem como trilha emotiva do fim de ano. O período que vai do Thanksgiving ao Natal é, para os norte-americanos, tremendamente especial.

O retorno de centenas de milhares de militares para passar o Natal com suas famílias, tem sim impacto positivo. E é algo, digamos, “incriticável”. Mas seria suficiente para “abafar” a névoa de “desengano” que cerca grande parte dos eleitores que colocaram Barack Obama na Casa Branca?

Por isso, Obama tem razões de sobra para encarar as festa de fim de ano como um “descanso” vital para quem vai enfrentar um ano de 2012 que tem tudo para ser de altíssima ansiedade.

Dilma vai tomar seu vinho com bem mais tranquilidade. Pulou enormes “fogueiras” em 2011 e está no coração do povo como uma mandatária corajosa e fiel a seus princípios. Nada mal para quem, há um ano, era apenas considerada um “fantoche”do “lulismo”.

Em tempo: quero desejar a todos os queridos leitores do ‘Gazeta’ os votos de um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de saúde e grandes realizações. E que possamos seguir juntos na parceria que faz da equipe do ‘Gazeta’ um orgulhoso e responsável time de profissionais comprometidos com a verdade, justiça e as causas dos brasileiros no exterior.